OPINIÃO
Cicatrizes poluentes
Cidade histórica enfrenta desafio da gestão de resíduos e necessidade de ecopontos
Por Da Redação

Tão bela, histórica, repleta de monumentos, dona de exuberante litoral e imponente baía de todos os santos a saudar quem chega por mar a esta plaga sem igual, Salvador exibe suas cicatrizes em volumosos entulhos.
A figura de paradoxo pode ser explicada, antes de tudo, pela dificuldade de educar-se um povo pouco interessado na partilha do convívio mais saudável, pois as montanhas de lixo produzem doenças e contaminações.
Em seguida, é preciso humildade para perceber o quanto ainda se precisa avançar na oferta de equipamentos suficientemente grandes para acolher geladeiras, colchões, camas, guarda-roupas em suas frações descartadas.
A consciência dos indivíduos – “casa da moralidade” – seria de mais-valia para sugerir aos poderes públicos um trabalho ao menos semelhante ao desenvolvido em Fortaleza, onde 90 “ecopontos” incentivam a higiene.
O nome da invenção, de inegável viés publicitário, lembra “ecologia”, substantivo subutilizado nas ruas e avenidas soteropolitanas, nas quais monturos obscurecem a intensa luminosidade de ângulos ensolarados.
Reportagem de manchete d'A TARDE de ontem fornece os fundamentos para se operar mudanças de perfil e de comportamento dos munícipes e dos gestores.
Colocar-se no lugar de um visitante pode ser uma boa terapêutica, dado o excesso de lixo a céu aberto, impactando no atrito com o solo, a contaminação da água bruscamente brotando dos minadouros.
O planejamento poderia ter um impacto protetivo quando se constata a vulnerabilidade de um povo sofrido secularmente pelos efeitos da urina de roedores – causadores da letal leptospirose.
Bairros proletários, como Narandiba, Engomadeira, Beiru, mas também onde mora gente de posses e alta cultura – Alto do Itaigara e Graça – revelam um tipo de”democracia” indesejada: igualdade de sujeira.
Não haverá solução enquanto o rejeito de pneus, pilhas e acessórios eletrônicos ficar mais fácil em qualquer canto de rua, enquanto não se aprende uma das lições elementares da vida em sociedade: zelar pela limpeza.
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