OPINIÃO
Como Deus se chama?
Por Uri Lam | Rabino da Congregação Israelita Mineira, Belo Horizonte (MG) | [email protected]
Nos últimos dias foquei meus estudos no Nome Impronunciável de Deus em hebraico, conforme estabelecido pela tradição judaica. Ao mesmo tempo o Tudo e o Nada. Tudo, porque, para o judeu, Deus é Um e, em Sua unicidade, está em todos os lugares: céu, nos mundos espirituais, na Terra, ao nosso lado, dentro de nós. E Nada, porque Deus não se enquadra nem se aperta em nenhuma definição lógica ou mística. Em hebraico, estas letras são chamadas respectivamente por Yud Hei Vav Hei. Há quem as pronuncie juntas, mas qualquer forma de pronúncia estará irremediavelmente equivocada: a pronúncia destas letras como um nome não é uma prática judaica. Por isso, este nome espantoso passou a ser chamado de Nome Impronunciável, Nome Inefável, Tetragrama e por aí vai. Na tradição judaica é comum aparecer traduzido como O Eterno.
A explicação que levou a chamá-lo de O Eterno tem a ver com o fato de Deus concentrar em Si Mesmo presente, passado e futuro, simultaneamente. Um poema judaico da Idade Média afirma que Deus É (Hovê), Foi (Haiá) e Será (Yhiê), por todo o sempre. Por outro lado, se realinharmos as letras do Seu Nome, teremos a palavra Havayá, Existência. Para nós, Deus é simultaneamente O Eterno e A Existência - sendo impronunciável dizer Eterno-e-Existência ao mesmo tempo.
O rabino Zalman Schachter-Shalomi - o Reb Zalman, de abençoada memória - coloca o Nome de Deus na vertical, de forma a lembrar esquematicamente o ser humano, criado à Sua imagem e semelhança. Ao lermos de baixo para cima, vemos o mundo material (Hei) a receber a vida criativa (Vav) da alma (Hei) inspirada pela centelha divina (Yud). E é assim, deixando-me envolver por Seu Nome, mesmo incapaz de pronunciá-lo, que me sinto grato a Deus - e a vida segue o seu rumo.
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