Convergência pelo jornalismo

Impossível aceitar a demora no reforço das ações de vigilância e punição de quem ameaça a integridade de profissionais de imprensa, considerando muito branda a determinação de afastamento do ousado “policial” autor da proposta de “aniquilar” jornalistas, ao ameaçar Natuza Nery, do jornal Globo News.

O episódio despertou a consciência cívica, dada a gravidade da sentença supostamente exarada pelo “justiceiro”, flagrado aos berros em supermercado de São Paulo, ao encontrar-se com a noticiarista, acintosamente arguida pelo extremista desorientado.

O delito implica alta probabilidade de fertilizar criadouros de celerados, sentindo-se autorizados, em compasso retroativo, pelo vomitativo discurso do ex-presidente, indiciado junto a 39 outros elementos por planejar ataques contra o Estado democrático, além do assassinato do seu sucessor e duas autoridades do Judiciário.

As redes sociais, se investigadas na letra da lei, fornecem farto material demonstrativo desta tendência, como verificou-se recentemente nas ofensas escritas – portanto documentadas – por indivíduo autodenominado “Roosevelt”, suposto servidor público no Rio Grande do Norte, ao desqualificar telejornalistas como “pilantras”.

O atentado à imagem de duas colegas da bancada do Jornal da Band, da Rede Bandeirantes, seguiu-se à edição, por parte de uma delas, de fotos em contexto ameno de abraços e sorrisos, instigando a ira do mau brasileiro, em atitude misógina (ódio a mulheres), assim como no primeiro caso registrado.

A profissão de noticiar, sob nenhuma hipótese, pode continuar desrespeitada por inescrupulosos, devendo as instituições da República tomarem providência em uníssono, senão o sonho de país próspero será reduzido ao décimo círculo dos infernos de Dante, atualizando o clássico “A Divina Comédia”.

Convergem os dois ofícios de alto risco, unindo-se em defesa do jornalismo os bons policiais, numeroso contingente responsável por enfrentar bandidos, incluindo os infiltrados nas corporações de segurança pública.