OPINIÃO
Editorial - A democracia não derrapa
Grupos isolados de caminhoneiros agridem os princípios mais elementares de democracia
Por Da Redação

Grupos isolados de caminhoneiros agridem os princípios mais elementares de democracia ao fecharem cerca de 150 trechos de rodovias de 25 estados e do Distrito Federal. A desastrada intentona representa o frustrado desejo de festejarem a reeleição do presidente ao qual demonstram comovente afeição, mas infelizmente para eles, sofreu uma derrota inapelável nas urnas.
Mesmo admitindo a compaixão ao “mito”, como costumam chamar o candidato vencido, é preciso exceder a dose de sacrifício, ao relativizarem estes trabalhadores o efeito da acidentada política pública.
Seria mais fácil compreender a celebração pelo fim da agonia de aumentos de preço nos combustíveis e perdas para a categoria responsável por transportar as riquezas do país, quando se iniciam os estertores do atual governo.
Embora nem tão eficiente quanto na inédita operação de inibir o trânsito de eleitores nas estradas, no domingo, a Polícia Rodoviária Federal desta vez acionou a Advocacia Geral da União. Mas só deve adotar o caminho da ação efetiva após decisão anunciada pelo STF na noite de ontem, que obriga o órgão a desobstruir todas as rodovias bloqueadas
O argumento decisivo implica na soberania do resultado eleitoral, assim como foi assimilada a vitória há quatro anos, de quem hoje cai para a frente ampla articulada com Lula, impedido de disputar em 2018, vítima de engenhoso ardil judicial.
Comete crime quem impede o direito de ir e vir, embargando o trânsito com as barreiras do retrocesso, visando desestabilizar a República ao chegarem as centopeias às portas dos quarteis, plano maligno deslegitimado por suas próprias lideranças.
Os cabeças das principais associações dos transportadores pedem aos colegas o reconhecimento do pleito, parabenizando o vencedor, na busca de alinhamento em defesa de uma pauta econômica.
Derrapam os supostos rebeldes, em um momento no qual a legalidade deve prevalecer, com a transição de uma era da qual não se tem como sentir saudade, para um novo tempo, quando a reconstrução do país precisa contar com a sua própria cidadania, incluindo motoristas de caminhão.
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