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Editorial - A luta incessante pela liberdade

Publicado sábado, 02 de julho de 2022 às 06:00 h | Autor: Da Redação
Bruno Reis, prefeito de Salvador e Rui Costa, Governador da Bahia, hasteiam bandeiras em cerimônia sem festa de 2021
Bruno Reis, prefeito de Salvador e Rui Costa, Governador da Bahia, hasteiam bandeiras em cerimônia sem festa de 2021 -

 Impossível em uma avaliação de aparente materialidade, mas evidente de um ponto de vista simbólico, cada baiana e baiano subirá junto à cabocla e ao caboclo, nos carros alegóricos de volta ao desfile do Dois de Julho.

Suspensa dois anos devido aos efeitos da má gestão federal da pandemia, com falta de imunizantes e propaganda de remédios ineficazes, a festa maior da civilização do axé enche de júbilo a Praça da Lapinha, casa dos ícones representativos da nossa mistura étnica.

Sempre é precária a representação desta vitória, por meio de palavras ou linguagens artísticas, ficando devendo à realidade da narrativa a fidedignidade da bravura expressa em cada levante ou ato de guerrilha de dois séculos atrás.

Dos ataques de surpresa, objetos perfurocortantes presos aos dentes, para facilitar o bote, levando a óbito os invasores, às tropas de vaqueiros e improvisados civis, seria o empenho do povo digno de um enredo épico.

Uma das raras celebrações de libertação sem presença de Força Armada oficial, descerão hoje a Ladeira da Soledade os descendentes de heroínas e heróis, muitas e muitos deles anônimos, levando no sangue a verve guerreira.

Reinterpretado a cada participação da cidadania simples, a agitar suas bandeirinhas, junto às crianças, o cenário ensina, no entanto, a importância de não dar por garantida a independência eterna, cabendo uma vigília permanente.

Ficou barato para o verdugo português a expulsão, tornando-se incalculável a pilhagem das riquezas em 322 anos, sem contar a dor e o sofrimento de vidas ceifadas dos indígenas verdadeiros donos da terra em genocídio ainda vigente.

Não bastasse a rapina incessante de ouro, madeira e variados tesouros, impediram os ocupantes a educação, adotando política nefasta de evitar a escola e o livro aos dominados.

O efeito da desastrosa imposição da ignorância e treva, aliado aos desdobramentos de séculos de escravismo, permite conclamar a continuidade da luta por um país livre de tiranos, sejam lusitanos ou compatriotas traidores.

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