OPINIÃO
Editorial - A morte das torcidas
Confira o editorial do Grupo A TARDE desta quarta-feira
Por Da Redação
A finitude precoce da jovem palmeirense Gabriela Anelli lateja não apenas entre os torcedores do clube paulista, ou da torcida uniformizada a qual ela pertencia, mas a tristeza geral lança sombra muito mais ampla em cinzitude.
O sofrimento e a dor alcançam todo o desporto nacional, uma das razões para dizer-se brasileiro, bem como constrangem a cidadania, reduzindo o sentido, ao menos provisoriamente, de assuntos como o do novo técnico da seleção ou quem ganhou e quem perdeu.
Todos perdemos a mártir de 23 anos, agora mais uma na estatística de um sem-número, reduzindo-se a uma explicação criminal o acúmulo de algarismos de feridos e óbitos em praças esportivas ou suas imediações.
É preciso admitir ter saído do controle o recuo à era das hordas, considerando a falência da educação, do serviço social e das políticas públicas atenuantes aos efeitos da estrutura excludente derivando em desajuste comportamental. A estupidez da violência sem perdão foi materializada em duas paradas cardíacas sofridas após um ataque de garrafa, antes do jogo contra o Flamengo: partiu subitamente o fio do tempo da jovem antes tão cheia de vida.
As circunstâncias motivam hipótese de um policiamento impossível de deter ações criminosas, por conta mesmo da aritmética de homens responsáveis pela repressão, exceto se a Inteligência honrar a razão para a qual foi criada.
O infausto sinaliza, uma vez mais, a necessidade de um planejamento comunicacional massivo, visando recuperar ou produzir a lembrança de uma época na qual podíamos conviver bem nas arquibancadas.
A ideia é curar o futebol profissional ou deixá-lo morrer presencialmente, deslocando o jogo para o sofá ou a frente do monitor de PC, pois a cada episódio de extrema violência, mais amantes da bola evitam o rumo do estádio.
Uma saída possível uniu a questão de gênero com o combate à estupidez, ao reunir o Sport Recife sua torcida de mulheres, com direito a levarem filhos e netos à Ilha do Retiro, enquanto os homens estavam afastados como punição.
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