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Editorial - A química da indignação

Publicado terça-feira, 04 de janeiro de 2022 às 00:30 h | Autor: Da Redação

A defesa dos interesses da indústria nacional é condição necessária para a boa reputação do gestor público, elevando-se a maior grau de relevância quando trata-se do presidente da República, gerando espanto a revogação do Regime Especial da Indústria Química, conhecido pela sigla Reiq, por meio de medida assinada nas últimas luzes de 2021.

Conseguiu a indigitada iniciativa o fenômeno de unir a classe política em paleta completa das colorações partidárias, produzindo degradê desde o PT ao DEM, e seus respectivos aliados, formando afinado coral de insatisfação lideranças divergentes e até antagônicas. 

A decisão tem como agravante a sensação da indiferença de Jair Bolsonaro quanto ao encaminhamento do debate pela Câmara e Senado federais, ao anular o esforço de congressistas em verificar se há razões para majorar a alíquota de 5,6% de PIS/Cofins, duplicando o patamar para 11,7%, com redução na competitividade.

Haviam pactuado os parlamentares por distensão, tendo como prazo derradeiro, janeiro de 2025, até alcançar este percentual, como forma de preparar o setor petroquímico para o impacto de perder R$ 11,5 bilhões, gerando estimativa da subtração de 85 mil empregos, com iniludível dano para famílias inteiras, considerando a condição de arrimo de grande parte dos trabalhadores.

O susto pela projeção nefasta na economia é ampliado pelo contexto, nos estertores do Ano-Velho, em momento de desmobilização, como se a cidadania fosse emboscada à traição, inspirando aos céticos o questionamento sobre a falta de prática virtuosa, substituindo-se, em metáfora, a figura do portador da faixa presidencial pela de um espectro sem consciência.

Fica como pauta urgente a apuração para saber a quem agrada solapar a base econômica do parque industrial, cuja implantação teria sido mérito do regime militar anterior, nos anos 1970, quando o país experimentou desenvolvimento admirável pela produção em Camaçari, servindo-se de sofisticada tecnologia, hoje ameaçada por aquele mesmo eleito para protegê-la.

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