OPINIÃO
Editorial - A volta da paralisia
Por Da Redação
A consulta a oráculos e especialistas em artes divinatórias perde sua finalidade de previsão do futuro, quando se tem dados cientificamente comprovados para produzir alta probabilidade em relações de causa e efeito.
Como demonstração, a baixa cobertura vacinal da poliomielite, conhecida por paralisia infantil, implica prever a qualquer momento, a volta da doença, erradicada no Brasil desde 1994, como certificado pela Organização Mundial da Saúde.
Epidemiologistas dedicados à pesquisa da moléstia lamentam a perspectiva sombria, pois a proporção de crianças imunizadas está em seis a cada dez, considerando o público elegível em todas as regiões do país.
Embora a vacina esteja disponível nos postos de saúde municipais durante todo o ano, o cálculo está distante dos 95% fixados como meta mínima, agravando-se o problema na fragilização de vigilância da circulação do vírus.
Este desmonte, conforme se verifica em grande parte das instituições de saúde pública, reduz as chances de rápida descoberta de um caso de infecção, conforme se pode aguardar, dada a vulnerabilidade da infância desprotegida.
Doença infecto-contagiosa aguda causada por poliovírus selvagem, afeta principalmente crianças de até 5 anos, tendo sido derrotada graças ao empenho em campanhas de comunicação visando incentivar os pais reticentes, como as protagonizadas pelo personagem Zé Gotinha.
Não se tem conhecimento de cura por milagres ou rezas, mas é possível ter crescido no país uma inaceitável desconfiança da aplicação das doses, restando responsabilizar quem negligencia os cuidados com seus filhos.
O sequestro das narrativas confiáveis dos cientistas, por parte dos algoritmos e robôs de internet, ao produzirem ideologia refratária à produção de conhecimento, pode ter formado opinião pública impactada por obscurantismo.
Este fator, aliado à evidente apatia do Ministério da Saúde, ao deixar o caso à revelia, teria como consequência da omissão geral a dor e o sofrimento para a nova geração de brasileiros.
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