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Editorial - Amazônia desprotegida

Publicado sexta-feira, 06 de maio de 2022 às 06:00 h | Autor: Da Redação
Além dos danos multiplicados, 
em subtração 
da fauna e da flora, 
há o viés social 
das agressões
Além dos danos multiplicados, em subtração da fauna e da flora, há o viés social das agressões -

Tem servido a mineração como atividade econômica das mais relevantes, ao impulsionar geração de emprego e renda nas áreas onde são exploradas jazidas, no entanto, não se pode apostar num bem capaz de gerar um mal maior, tendo a bacia amazônica servido de cenário deste prejuízo.

Trata-se de um impacto próximo de tornar-se irreversível, tal o rigor e velocidade da atuação dos mineradores, em busca de pedras valiosas, em meio a maior riqueza de mananciais limpos de água doce e uma biodiversidade impossível de ser igualada no planeta.

O desequilíbrio foi revelado por estudo da Rede Ambiental Mídia, cuja base de dados é abastecida por ocorrências relacionadas à extração desmesurada, calculando em 11 mil as microbacias da exuberante região, grande parte atingida por pás e escavadeiras, levando ao assoreamento dos rios Xingu, Tapajós, Tocantins e Madeira.

Não apenas o garimpo estaria produzindo a abominável sujeira, mas também os projetos de hidrelétrica, com barragens e alterações nos cursos d’água, bem como a agropecuária, com aproveitamento dos recursos naturais em quantidade superior à recomendável para proteção do meio ambiente.

Além dos danos multiplicados, em subtração da fauna e da flora, há o viés social das agressões, sendo os invasores acusados de avançar seus arames farpados e cercas dentro de terras comunais indígenas, em flagrante ilegalidade consentida pela apatia da fiscalização.

A presença dos estranhos tem sido um obstáculo para o bom convívio entre os povos originários, registrando-se estupros contra jovens vulneráveis, além do contágio de doenças desconhecidas nestas áreas florestais, produzindo alta letalidade entre as etnias.

Para os pesquisadores, somente a restauração civil, a partir da retomada do funcionamento das instituições, conforme pressupõe a Constituição Federal, poderia mudar o rumo das políticas aplicadas pelo Estado brasileiro nos últimos anos, considerando-se esta recuperação do país a tática possível de salvar o tesouro ecológico ameaçado. 

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