Editorial - Banquete indigesto | A TARDE
Atarde > Opinião

Editorial - Banquete indigesto

Publicado quinta-feira, 30 de dezembro de 2021 às 00:30 h | Autor: Da Redação

Picanha, filé mignon, camarão, bacalhau e salmão seriam alimentos aprovados pelos nutricionistas para fortalecer o organismo, bem como o preparo das receitas por bons chefs teria a missão de alegrar os homens das Forças para melhor servir à pátria, mas tão apetitoso cardápio deixou dúvidas aos auditores do Tribunal de Contas da União (TCU).

O enredo aumenta o grau de inusitado, porque os recursos do banquete teriam sido aplicados em detrimento de ações de combate à Covid-19, necessárias para salvar a vida de cidadãos, os mesmos contribuintes de cuja extração da renda é paga a conta pelo apurado paladar.

À submissão da saúde do povo às delícias da culinária, acresce outro (mau) exemplo de gestão, com o indicativo de benefício de sete empresas cujos sócios teriam como “comandante” um ex-capitão (expulso) do Exército, Márcio Vancler Augusto Geraldo.

O bem-sucedido “controller” detém a Mave Comércio e Serviços em Geral, a Phenix Comércio e Serviços em Geral e a Visionária Comércio e Serviços em Geral, revelando na repetição dos nomes das firmas não só uma coincidência, mas um indício, acrescentando-se a incompatibilidade entre o porte das companhias e os valores das contratações.

Também foi rastreado o fornecimento do mesmo e-mail para todos os concorrentes, nos pregões suspeitos de combinação, resultando no gasto de R$ 87 milhões do erário para encher as panças, fortalecendo a hipótese de escolha de competentes coordenadores na suposta rapina.

Por estes e outros apetites incontidos, pode-se entender a dificuldade de harmonizar o papel daqueles pagos para defender as fronteiras com o cumprimento do dever para com a pátria e a bandeira, estabelecendo, pela via da desfaçatez, a exposição da farda a tamanho vexame.

Seria demasiado inoportuno descartar a chance de prestar toda atenção às prováveis justificativas, considerando evitar o erro lógico de julgar o todo pela parte, pois a expectativa é de honradez e dignidade de quem se propõe a gerir áreas estratégicas para o bem-estar dos brasileiros.

Publicações relacionadas