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Editorial - Esforço para testagem

Publicado terça-feira, 11 de janeiro de 2022 às 00:30 h | Atualizado em 11/01/2022, 00:44 | Autor: Da Redação

Somente agora, quando  decorridos quase dois anos do primeiro caso de Covid-19, o Ministério da Saúde esboça louvável esforço a fim de tentar ampliar a aplicação de um dos procedimentos fundamentais para controle de uma pandemia, tratado até então com improviso para sua realização: a testagem visando ao diagnóstico e monitoramento da doença.

O pedido  chegará à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após o chefe do órgão, contra-almirante Barra Torres, ter afrontado o presidente Jair Bolsonaro, ao repelir habituais grosserias, tendo especialistas sob seu comando chamados de “tarados por vacina”, entre outros disparates, merecedores de contundente resposta por parte da alta patente da Marinha. 

O objetivo anunciado é o de estimular a prática de autotestes, como ocorre em dezenas de outros países, permitindo verificar se há necessidade de isolamento caso se confirme o potencial contágio, condição para impedir a disseminação do Sars-Cov-2 e suas variantes.

Proibida em território brasileiro devido a uma resolução de 2015, portanto não atualizada, apesar do contexto adverso desde março de 2020, a medida serviria apenas de atenuante para a desgastada imagem do governo, caso não seja bem acompanhada de um planejamento a fim de orientar os usuários, com apoio didático de competentes campanhas publicitárias.

O acesso aos itens reunidos no kit não alteraria o perfil dos públicos atendidos, pois somente os cidadãos com poder de compra suficiente teriam condições de adquirir o material, além da questão do conhecimento básico, pois a maioria ficaria excluída, por carência cognitiva e de repositório de informações. 

Para os céticos, a ação é incompleta, visando tão-somente formar opinião positiva, com serventia maior, na mecânica de mercado, para a medicina lucrativa, seguindo-se como novo tropeço na tática confusa representada mais recentemente por apagão de dados, falta de clareza na condução do atual momento de alto risco e o atraso na imunização infantil.

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