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Editorial - Imprensa, civilização e democracia

Publicado sexta-feira, 25 de março de 2022 às 00:30 h | Autor: Da Redação
Somente no ano passado foram registrados 145 casos
 de violência contra profissionais e 
veículos de mídia
Somente no ano passado foram registrados 145 casos de violência contra profissionais e veículos de mídia -

Não há democracia sem imprensa, pois é dela o dever de divulgar pontos de vista divergentes, com o objetivo de incentivar o debate, mas o Brasil tem se afastado deste princípio fundamental.

Somente no ano passado foram registrados 145 casos de violência contra profissionais e veículos de mídia, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert).

A recente estatística integra o volume do relatório anual “Violações à Liberdade de Expressão”, correspondendo a uma média de 2,7 casos por semana ao longo de 2021.

As armas de fogo utilizadas em atentados contra os jornalistas, além da duplicação do número de ocorrências, chamam a atenção do risco para os profissionais a serviço da sociedade.

No ranking mundial, conforme avaliação da organização internacional Repórteres sem Fronteira, o país está na zona vermelha, sinalizando situação difícil para o trabalho.

Pela primeira vez em 20 anos, o Brasil tingiu-se desta coloração, correspondendo ao quarto ano seguido de queda, ocupando agora a 111ª. posição levando em conta os critérios de pontuação.

No ambiente digital, o contexto também é adverso, com o registro de 4 mil ataques virtuais, algo em torno de três por minuto, desde ofensas e expressões pejorativas a ameaças.

Embora, por ora, não se tenha como comprovar relação de causa e efeito, papel da ciência da comunicação, é válido tomar por hipótese o aumento da incidência de narrativas contra a labuta pela informação.

Não são raras as aparições de Jair Bolsonaro, atendendo ao “cercadinho”, onde concentram-se seus fãs, enquanto o mesmo chefe do Executivo afronta frequentemente o serviço social dos jornais.

Sabendo-se necessário o diálogo em todo regime dito democrático, fica fácil entender a inclinação daqueles seguidores de projetos de poder de perfil belicoso e totalitário.

Todos quantos defendam a produção de conhecimento, a verdade e o processo civilizatório, precisam alinhar-se na frente ampla da cidadania em defesa do jornalismo.

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