OPINIÃO
Editorial - Infâncias canceladas
A exploração da mão de obra infantil, seja por empregadores ou responsáveis pela criança, não apenas é atitude moralmente indefensável, como está tipificada prática prevista pelo código penal e no estatuto criado em defesa desta primeira idade.
O paradigma de combate à irregularidade representa um estágio avançado em relação a uma linha do tempo arbitrariamente fixada há cerca de dois séculos, quando as pequenas e pequenos, ao lado das mulheres, eram recrutados para servir às fábricas pioneiras.
O acúmulo necessário à expansão da indústria, inicialmente tecelagens e tinturarias, cedeu às denúncias de associações médicas e de direitos civis, resultando atualmente em legislações duras mas pouco aplicadas contra quem se aproveita dos corpos menores.
Floresceu uma bonita proposta ética na qual a garantia de saúde, educação formal, boa água, comida, lazer e alegrias, além de um lar feito de paz e amor, seria o apanágio de uma aurora jamais contemplada pela espécie em alvissareiro processo civilizatório.
Da combinação geral à fria “realidade”, impõe-se o serviço precoce em feiras livres, ou entrega de produtos, de procedências diversas, incluindo as clandestinas, entre outras habilidades, envolvendo a sexualidade, desbotando as belas cores desta fase da vida.
Há pesquisadores desconfiados da estatística oficial, ao multiplicar por sete a estatística de 2,5% de brasileiros de 7 a 14 anos nesta condição, servindo – sintomaticamente – à colheita de cacau do município paraense de Medicilândia no pior dos exemplos.
A privação expõe à necessidade de pedir socorro a esmoler, obter biscates de emergência ou restaria enganar os menores estômagos com alimentos de baixa nutrição, sopas de preparo rápido ou mingaus à base de farinha de mandioca e água quente.
Observa-se um recuo acelerado no Brasil, pois ao retornar o Gigante à posição de adormecido no Mapa da Fome, ficam desprotegidos os filhos dos trabalhadores, privados de meios de subsistência, devido ao aumento do desemprego e da inflação.
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