Editorial - Liberdade de orientação

O afastamento do jogador de vôlei Mauricio Souza, da Seleção Brasileira e do Minas Tênis Clube, é a resposta na justa proporção para o desatino de atentar contra a liberdade de orientação, ao ironizar a produtora em quadrinhos DC Comics pela escolha bissexual do novo personagem Super-Homem.

O mercado teve papel de causa eficiente, por meio dos patrocinadores, ao exigirem a retratação, depois de o polêmico atleta postar em sua rede instagram uma infeliz mensagem baseada em figura de humor de chacota: “Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”...

O prejuízo saiu vantajoso, uma vez ser a homofobia, ou delírio persecutório contra prática homossexual, tipificada como crime, portanto, estaria o autor da sandice interpelado judicialmente a explicar-se às autoridades, sofrendo as penas da lei, ao confirmar sua prática viciosa na teima em publicar uma negativa do gracejo com o mesmo alcance de sua injúria.

Cabe o espanto à cidadania brasileira, por contarem-se em 250 mil os seguidores de perfil com estas características, sem o pejo de acrescentar centenas de comentários em tom de apoio às reincidentes afirmações de explícito reacionarismo do jovem incapaz de educar sua inclinação.

Já havia o indigitado servido-se de facilidades da internet para atacar a Rede Globo, pelo anúncio do uso de pronome neutro em uma próxima novela, além de referir-se jocosamente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Pernambuco, ao permitir a instituição o acesso a um banheiro conforme a identidade de gênero do usuário.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o suposto desportista, em contrassenso com as diretrizes mínimas do olimpismo, ganha visibilidade de mais um mau exemplo a enfrentar as instituições e os princípios do Estado Democrático de Direito, desafiando o Brasil a vencer seu próprio retrocesso, permitindo a todo e qualquer cidadão fazer uso de seu corpo da forma como melhor lhe convenha.