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Editorial - Notícia não é fuxico

Publicado quarta-feira, 29 de junho de 2022 às 00:05 h | Autor: Da Redação
Klara teve intimidade exposta por hospital em sites de fofoca
Klara teve intimidade exposta por hospital em sites de fofoca -

O caso da atriz Klara Castanho, ao revelar ter ficado grávida, após estupro, colocando o bebê para adoção, sinaliza o quanto torna-se vulnerável uma sociedade na qual não se exige preparo profissional de seus formadores de opinião.

A comunicação social, como bem intermediário à felicidade de um povo, tem de ser exercida necessariamente com a devida responsabilidade, levando em conta a veracidade, a atualidade, a importância, o interesse e o inusitado.

O jornalista bem preparado em pelo menos quatro anos de curso de graduação em nível superior tem condições de discernir entre o resguardo de uma informação e o estardalhaço e o espalhafato típicos de um amador, pois já não se exige o diploma.

O avanço descontrolado de ofícios baseados em novas tecnologias, como o recente youtuber, pode provocar danos, não apenas a cidadãos com sua vida pessoal devassada, mas a toda a coletividade, como se verifica na distribuição de conteúdos falsos.

Acresce ao lamentável episódio a interpretação de “liberdade de expressão” sem qualquer limite, como se o efeito das narrativas não devesse ser sopesado pelo narrador, antes de afoitamente ampliar o alcance de sua audiência.

Podem questionar as entidades de classe, pesquisadores e docentes das faculdades de jornalismo se “colunismo de fofocas” pode ser considerado um gênero ou deve ser tratado como desvio de atividade valiosa para o funcionamento das instituições.

O achincalhe do ofício de informar tornou-se banal, encaixando-se no contexto de um país de mentira, onde qualquer pessoa pode utilizar-se de redes sociais, blogs, sites para dizer tudo quanto queira, produzindo um caleidoscópio perigoso para o convívio.

O país precisa ter um projeto para regulamentar tal geringonça a fim de encontrar meios de evitar novos constrangimentos, seja pela melhor formação do comunicador, ou  monitoramento eficiente dos discursos, a fim de não permitir invasões indevidas a privacidade das pessoas, por desconhecimento da distinção entre uma notícia e um fuxico.

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