Editorial - O império das cesáreas
A expansão de técnicas obstétricas e das maternidades ampliou a escolha por partos em hospitais, aposentando o ofício de mulheres habituadas a ajudar a trazer à luz o bebê, na falta de médicos especializados, como até hoje pode ocorrer no Brasil profundo.
Hoje, a classe média das capitais e de principais cidades vem tornando mais rara a operação natural, das quais as antigas parteiras eram confiáveis protagonistas, resistindo a prática apenas nos estabelecimentos autorizados.
A opção tida como segura é conhecida por “cesariana”, no entanto, o excesso preocupa os gestores da Organização Mundial da Saúde, ao laurear as mamães brasileiras como campeãs no procedimento, cujos riscos são indevidamente minimizados.
Chega a oito entre cada dez o número de parturientes programando a data, livrando-se, assim, de maiores incômodos, do ponto de vista das dores comuns ao processo de expulsão da criança do útero, pois a anestesia produz o alívio.
Mas há um problema relativizado em clínicas onde o custo serve como portal de acesso: elevado contingente de prematuros, e sequelas imprevisíveis, enquanto as dificuldades são menores sob o comando da natureza.
A quantidade verificada no país, cujo rival, em porcentagem, é a pequenina República Dominicana, chega a ser oito vezes maior em relação ao recomendado pelas autoridades internacionais.
A origem teria surgido na Roma Antiga, em razão da suposta chegada ao mundo do Imperador Júlio, tendo sua genitora Aurélia sido salva contra prognósticos de doutores da época, consolidando-se o mito do nascimento do César, daí o nome.
O cenário expõe contrastes, uma vez fortalecer repugnante inclinação de aceitar grupos sociais com privilégios e outros sem direito a atendimento, pois a aurora do novo ser exige pix.
Apesar do perigo de formação insuficiente dos recém-nascidos, as chances de salvação, em casos de dificuldades, sacrificam países africanos, com percentual aquém para condições adversas, quando a intervenção sofisticada é o melhor método viável.