OPINIÃO
Editorial - Sepultamento tardio
Denunciar incessantemente os excessos da ditadura militar é o requisito para mudança de mentalidade
Por Da Redação
Dois efeitos tardios do golpe de 1º de abril de 1964 clamam por exorcismo, tendo como meios de caça-fantasmas a memória permanente do terrorismo de Estado e a justiça reparadora a vítimas da repressão.
Denunciar incessantemente os excessos da ditadura militar é o requisito para mudança de mentalidade em cenário atual onde ainda há seguidores de adoradores da tortura.
A amnésia nacional foi diagnosticada desde quando o ex-presidente dedicou a Carlos Alberto Brilhante Ustra seu voto favorável ao impedimento de Dilma Rousseff no dia 16 de abril de 2016.
Comprova-se a desfaçatez e o descaro por ter sido a deposta torturada pelo elemento elogiado, ampliando o absurdo, pela multiplicação de popularidade do então deputado federal.
O inequívoco alinhamento com a canalha golpista deveria motivar repulsa, no entanto, em paradoxo, ali tomou fôlego a campanha presidencial de 2018, cevada em misoginia e racismo, felizmente interrompidos com a eleição de 2022.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania tem a oportunidade de agir como corregedoria, ao guiar a fração enferma do país em trilha de cura e beleza, afinal, “sonho que se sonha junto é realidade”.
Como referência de competente e diuturna ação, a comunidade judaica internacional tem produzido best-sellers e filmes campeões de bilheteria, mantendo aceso o repúdio ao holocausto.
A terapêutica para a nação adoecida inspira campanhas similares a de “zé gotinha”, vacinando contra a infâmia do pau de arara, do choque elétrico, da cadeira do dragão e da coroa de cristo, onde milhares padeceram.
É preciso despertar os esquecidos com mensagens em portas, letreiros de transportes, cédulas, roupas, receitas, músicas, taças de futebol com nomes de mártires e todo o arsenal de manifestações culturais cotidianas.
Ou o Brasil se liberta, descartando ao lixão da história desprezíveis monstros da escória genocida, ou ficará à mercê da saudade fascista, à espreita para agredir uma vez mais nossa resistente democracia.
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