Editorial: A volta do Arraiá
A retomada do Arraiá da Capitá, em ambiente digital, por causa da pandemia, amplia e reinventa os costumes apropriados às festas joaninas, desde a arte culinária à música, à coreografia, ao figurino típico e aos desenhos de bigode dos ditos tabaréus.
A mistura de sabores e ritmos ajuda a transformar uma nova festa, este ano, com a diferença de mudança de suporte, deixando o xote agarradinho provisoriamente de lado para curtir as surpresas do arraiá virtuá e seus artistas.
Saem fortalecidas, com o caldeirão joanino, as variadas culturas do Nordeste, bem representadas no xote, no xaxado, no coco, no maxixe, no baião, agora, também nas novas tendências, ainda em fase de aceitação, como é o forró universitário.
A silhueta do arraiá, nesta perspectiva, corresponde a um momento de resgate de ritmos consagrados nos anos 1940 e 1950, quando o Nordeste, vestido com o chapéu cortado de Lampião, ocupou as estações de rádio do Rio para ensinar como se dança o baião.
Hoje, os forrós precisam ser virtuais, ganharam o nome de lives e constituem shows ao vivo transmitidos pela internet. No Arraiá da Capitá as lives começaram neste fim de semana e seguem até amanhã, quando é celebrado o dia do São João do Carneirinho, eternizado nos oito foles de vovô Januário, pai do rei Gonzagão.
Amarga que nem jiló é a saudade do forró do mané vito, mas assim como não havia previsão da infestação mundial de coronavírus, não está descartada a volta do arraiá presencial no próximo ano, como surpresa positiva.
Em reportagem publicada na edição de hoje, A TARDE mostra aspectos dessas relevantes manifestações culturais por meio do resgate da estrutura montada no antigo Arraiá da Capitá, a partir da década de 80.
A profissionalização do São João foi um marco: ao ver-se representadas, bandas trilharam novos rumos, quadrilhas reativaram suas danças e, agora, renovam a alegria da festa mais animada da região, por celular e computador.