EDITORIAL
Libertação menstrual
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O alargamento da consciência das distinções biológicas – e culturais – entre corpos de homens e mulheres, a partir das propostas do movimento existencialista, vem produzindo a percepção de demandas antes invisíveis.
Uma das mais significativas, demonstrando o avanço do pensamento de gênero, é a necessidade relacionada à ovulação, derivando célere rumo às primeiras 2 milhões atendidas no Programa Dignidade Menstrual, lançado este ano.
Embora represente o início de longa caminhada, os dados sinalizam a mudança na mentalidade média, pois algo tão importante quanto imperativo era negligenciado, em razão do androcentrismo – mundo centrado no patriarcado.
Agora, a facilidade de obter o absorvente gratuitamente nas unidades da Farmácia Popular confere proporcionais aplausos ao trabalho do Ministério da Saúde, com perspectiva de beneficiar 24 milhões nos próximos anos.
A carência revela ainda o quanto o Estado brasileiro precisa mobilizar recursos para acudir quem todo mês sangra e antes tinha de improvisar tiras de pano ou outro meio emergencial, deixando assim de ir à escola ou faltando ao trabalho.
Têm acesso garantido ao suplemento, desde as crianças precocemente expostas à imposição da natureza, aos escassos 10 anos de vida, até à idade dos 49, quando geralmente o ciclo menstrual é cancelado pelos limites corpóreos.
Um Dia Internacional para registrar o dever dos governos nacionais em prover seus numerosos grupos femininos foi instituído pelas Nações Unidas – 28 de maio – , tendo reconhecimento em 50 países nos quais registra-se a desigualdade.
Em país de moralidade conservadora, a iniciativa carrega, por tabela, a oportunidade de libertação das “mina”, ao superarem antiga e absurda vergonha.
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