EDITORIAL
Massacre e liberdade
Confira o editorial de A TARDE desta terça-feira
Por Editorial

A escalada de violência na Faixa de Gaza impõe à cobertura jornalística uma responsabilidade ética que não admite omissão. Enquanto feridas se multiplicam entre civis, verifica--se, de modo devastador, uma contabilidade paralela de jornalistas assassinados. Desde outubro de 2023 já são 240 os profissionais mortos, cifra que supera, de longe, os registros das guerras travadas no século XX.
O ataque mais recente se deu no domingo, quando múltiplas explosões ceifaram vidas, entre elas cinco jornalistas de diferentes veículos. Organizações de imprensa ocidentais, como Reuters, Associated Press e NBC condenaram, com veemência, o assassinato de seus correspondentes, enquanto o governo de Israel atribui às vítimas o rótulo de terroristas, com ausência de provas.
O Comitê de Proteção de Jornalistas aponta ainda que Israel figura entre os países que mais prendem jornalistas nos territórios ocupados, posição que exacerba a vulnerabilidade daqueles que, em zonas de conflito, exercem a missão de informar.
Além da tragédia humana, o que está em jogo é a própria liberdade de imprensa. A sistemática repressão e a destruição de meios de comunicação convertem-se em estratégia para enquadrar a cobertura, mergulhando o mundo em uma narrativa viciada. O relatório do Projeto Custos da Guerra alerta para uma cultura de impunidade que transforma zonas de combate em ‘cemitérios de notícias’. A resposta da comunidade internacional não pode reduzir--se a lamentações: é preciso exigir mecanismos efetivos de proteção e responsabilização.
Não se pode tolerar que a voz daqueles que testemunham o horror seja subjugada. Trata-se de uma política de apagamento de fatos que atinge não apenas a imprensa, mas toda a população. Trabalhadores da mídia em zonas de conflito devem ser protegidos como civis, livres para exercer seu ofício sem interferência ou ameaças à vida. Em meio ao fogo cruzado de acusações e retórica, a verdade depende de profissionais da notícia autorizados a reportar, com rigor e coragem, o que está diante de nós.
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