EDITORIAL
O desafio das tecnologias
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial
Em tempos de tecnologias cada dia mais desenvolvidas, enquanto o consequencialismo – foco no resultado – é um antivalor prevalecente, a propaganda eleitoral a começar nesta sexta, traz o desafio de unir o procedimento honesto de candidatos ao uso correto das máquinas.
Duas das grandes inimigas de uma combinação ética razoável são a “inteligência artificial” e o recurso conhecido como “deepfake”, quando ocorre uma edição de áudio ou vídeo a ponto de alterar radicalmente a cena original objetiva, com danos extremos para a veracidade.
Vigiar e punir estes dribles de má fé são trabalhos de Héracles, levando em alta conta a arquitetura plenamente horizontal da internet, construída como gigantesco Octopus imune a governos, embora se diga à exaustão valer para o ambiente digital a legislação vigente.
A figura de eufemismo relacionada a uma suposta “inteligência”, como se fosse dado a computadores o dom inato do pensamento, torna ainda mais árdua a tarefa de policiar as ações malignas provenientes de quem tem como meta a divulgação de projetos de poder.
Ademais, não é fácil dar flagrantes perfeitos na reprodução do comportamento humano de forma persuasiva na tomada de decisões e na realização de tarefas, desde as mais simples às complexas, utilizando cálculos baseados na incidência de símbolos e palavras-chave.
Resta ao eleitor responsável tentar mobilizar toda atenção para não se deixar enrolar nos golpes, denunciando e fiscalizando, a fim de ajudar os gestores das instituições da república no sentido de tentar, senão extinguir, ao menos reduzir tanto quanto possível a “desinformação” sem freios.
É lícita e pertinente a publicidade buscando a conquista de votos, conforme disciplina a Resolução 23.610/2019, do Tribunal Superior Eleitoral, passando a vigorar com novo texto, adaptado à proibição das manobras dos espertos manipuladores dos comandos digitais.
O embate entre tribunais regionais e especialistas em informática é algo recente o bastante para tornar-se imprevisível, embora se possa confiar nos conteúdos publicados na imprensa, nos comícios e ambientes presenciais nos quais não é possível mentir.
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