EDITORIAL
O diálogo necessário
Confira o editorial de A TARDE deste sábado
Por Editorial

A derrubada do decreto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso Nacional produziu ambiguidades como reflexo da própria matéria da qual originou-se a cisão entre parlamentares e governo federal.
Para a oposição, a captura da base governista sustentou-se na narrativa da imposição de cortes nos investimentos, em vez de ampliação da coleta resultante dos percentuais extraídos do crédito, do câmbio e dos seguros.
Argumentam os defensores do plano do Ministério da Fazenda a relevância de custear programas sociais com a contribuição involuntária de consumidores de alto padrão.
A divergência não se dá apenas nos efeitos da taxação, mas também no discurso, pois enquanto governistas tentam fixar a alça de mira no benefício da maioria, parlamentares fincam pé na suposta homogeneidade.
Há chance de convergência de Executivo e Legislativo, ambos respaldados pela regra pétrea da democracia representativa, pois seus poderes emanam do voto popular, portanto são os dois igualmente legítimos.
Em busca de um difícil, porém necessário entendimento, é preciso cicatrizar eventuais feridas, oriundas da refrega entre os dois pesos pesados, deixando algum ressentimento no campo da batalha política.
Agora não é o momento de se avaliar como incurável a sequela; ao contrário, a terapêutica pede serenidade, pois trata-se de um só grupo de servidores públicos, todos possíveis de afinar a voz em diapasão comum.
Em exercício de empatia, nem ao Congresso interessa desmantelar mecanismos de melhoria de vida para seu eleitorado, nem ao governo interessa assinar confissão de não se esforçar para conter “gastos”.
Para estenderem-se as mãos os aparentemente antagônicos, pode-se verificar a complementariedade entre quem tem a prerrogativa de regular ajustes, e quem tem o poder de assinalar impedimento. Vale a pena vislumbrar o mesmo horizonte, compartilhando-se a consciência do final feliz.
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