EDITORIAL
O livro liberta
Confira o editorial de A TARDE desta sexta-feira
Por Editorial

Indicador seguro de desenvolvimento afetivo, cultural e cognitivo, o amor à leitura e às linguagens artísticas, modo solitário, ou juntas e misturadas, se espalha pelas ladeiras do Pelô, na Grande Festa Literária.
A “Flipelô” segue até domingo, 10, distribuída em 150 espaços públicos e privados do Centro Histórico de Salvador, projetando receber a visita de mais de 250 mil pessoas libertas da nova escravidão: o culto à ignorância.
Esta é a edição número nove de uma festa caracterizada por escalar, não apenas pelo porte, calculado no número de expositores, mas também em qualidade das obras dignas de representar a Bahia.
O encontro tem perfil internacional, como convém a um dos mais intensos pontos e portos de trocas culturais do mundo, hábito adquirido ainda no mercantilismo, e hoje, 400 anos depois, mantido e intensificado.
Subindo ou descendo as ladeiras íngremes, é possível deparar-se com grandes figuras de escritores e artistas, homenageando a memória e o legado do dramaturgo Dias Gomes, autor de alta proa.
Bastaria citar uma de suas joias, “O Pagador de Promessas”, ainda hoje um enredo atual, e para além de atual, necessário para quem quer entender algum fundamento deste caldeirão multicultural chamado Brasil.
Além da grande contribuição ao revelar talentos, a Flipelô tem a qualidade de multiplicar referências de práticas virtuosas de gente que vale conhecer. O encontro carimba uma mudança positiva de paradigma, saltando para um estágio de pleno acolhimento das manifestações culturais, no mesmo local onde o livro já foi tratado como “tráfico” e os leitores eram torturados.
Participar da Flipelô, seja como autora ou autor, seja na condição de apreciador das letras e das artes, não importa tanto se a pessoa está num polo ou outro, porque o protagonismo une todas e todos por um país livre.
Faz parte da soberania, poder publicar e ler, sem tutela nem censura, daí mais um belo tento nesta “goleada”: a liberdade, não a falsa “liberdade” dos tiranos, a genuína liberdade do convívio fraterno.
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