OPINIÃO
O nocaute da nobre arte
Confira o editorial do jornal A TARDE desta terça-feira, 30

Por Redação

Independentemente da briga de versões, seguida à pancadaria alheia às regras, por ocasião da luta entre Acelino “Popó” Freitas e Wanderlei Silva, é correto afirmar ter o fato inusitado invadido os espaços midiáticos.
Muito se dedicou em tintas, caracteres e imagens a repercutir o entrevero, assinalando-se, sem temer errar, o declínio da “nobre arte”, como era chamado o boxe, nocauteado pelas agressões a seus princípios.
Acusado de acertar golpes em Wanderlei Silva, no pós-luta, quando a pancadaria geral transformou o sagrado ringue em palco de profanação, o filho de Popó tem no sobrenome Freitas o DNA da família de pugilistas.
O tio Luis Cláudio, representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) e o pai, o ‘Mão de Pedra”, habituado a demolir desafiantes, estão entre famosos boxeurs – “boxés”, em baianês castiço.
Sabe-se a importância de conter o ímpeto e o impulso com a força da razão; o desejo de bater, movido pela ira, precisa ser contido
A Ladeira do Ipiranga e adjacências, no bairro da Cidade Nova, é um polo de formação de “boxés”, mas não justifica, sob qualquer prisma, o “knock-out” atribuído a Rafael Freitas contra o adversário do pai.
Dos seis filhos de Popó, todos do sexo masculino, ele teria saído mais a Acelino, exceto talvez na capacidade argumentativa, pois tentou escorar sua participação sui generis, ao “calor do momento”.
Ora, sabe-se a importância de conter o ímpeto e o impulso com a força da razão; o desejo de bater, movido pela ira, precisa ser contido pelo controle da vontade de não esmurrar fora de contexto.
A desclassificação de Wanderlei, por dar cabeçadas, já teria sido um suplício suficiente, sem precisão de ser castigado o perdedor; Popó, por sua vez, alega ter sofrido fratura.
Representa o ato uma nódoa na trajetória da descendência dos saudosos seu Nijalma, anotador de loteria popular, e dona Zuleika, alisadora de cabelos a ferro quente, o casal original do boxe baiano, pai e mãe de Luís Cláudio e Popó, e avós do neto brigão.
Cabe buscar um ajuste de contas, talvez o interesse por trás deste enredo, beneficiando a cervejaria patrocinadora do infausto confronto.
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