OPINIÃO
O voo incerto da ararinha
É preciso, de imediato, apurar responsabilidades; e elaborar planejamento para reverter o processo de extinção

Por Redação

A descoberta de um vírus atacando os 11 indivíduos de ararinha-azul em liberdade implica duas ações necessárias. É preciso, de imediato, apurar responsabilidades; e outra medida não menos relevante é elaborar um planejamento para reverter o processo de extinção.
Não é caso apenas do sentimento de piedade por uma espécie ameaçada. Embora compaixão e empatia sejam manifestações humanas das mais louváveis, as ações em prol da salvação da ave vão além, muito além de inclinações afetivamente desenvolvidas.
A ararinha contribui para a biodiversidade e o ecossistema do bioma Caatinga. Desempenha papel vital por ser uma das maiores distribuidoras de sementes. Ao cavar suas pequenas tocas, ajuda a reprodução de outras espécies.
Parece pequena – é uma “ararinha” –, parece pouco – são apenas 11 – mas da reintrodução na natureza depende uma engenharia ambiental considerável.
A Cyanopsitta spixxi é da Caatinga; parafraseando Euclides da Cunha, a ave sertaneja é, antes de tudo, forte. Resistiu a badogues e pólvora de parabellum até quanto pôde. No ano 2000, foi visto o último indivíduo na natureza, na zona rural do município de Curaçá.
Ararinhas reintroduzidas a partir de 2022, repatriadas de criadouros europeus, representavam a oportunidade de recuperar a população desta importante protagonista da luta diuturna pela vida. Agora, com a presença do vírus, todo o programa de soltura foi suspenso. A prioridade passou a ser o controle da situação adversa.
Fiscais dos institutos ambientais ICMBio e Inema verificaram lacunas na higiene e no manejo das aves contaminadas em seu criadouro. Por sua vez, os responsáveis pelo criadouro rejeitaram a autuação.
Foi o naturalista alemão von Spix quem primeiro viu e desenhou o pássaro de plumagem azul, no início do século XIX. Naquele momento da história, era possível avistar os bandos em sobrevoo. O estado de risco de extinção revela o quanto a imprudência e a extração das riquezas naturais tem atingido espécies indefesas.
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