EDITORIAL
Opção pela morte
Confira o editorial de A TARDE desta quarta-feira
Por Editorial

Enquanto não se criarem restrições severas ao consumo de bebida alcóolica, é alta a probabilidade de ocorrerem novos absurdos, como o do atropelamento do corredor Emerson Pinheiro, na Pituba, uma perna amputada, dor e sofrimento pela limitação de mobilidade, o oposto de sua expectativa para a vida.
Chama a atenção como as pessoas constroem tamanha confiabilidade, umas nas outras, pois os pilotos de bólidos cada vez mais possantes, gasolina e drogas, ilícitas ou não, passam rente aos atletas de rua, protegidos por anjos e querubins.
A flacidez de legislação em desalinho à ciência é aliada de mercado rentável, consumindo-se desde caninha até os 18 anos, portanto a decisão será sempre de cada consciência, sob pressão da acrasia – dificuldade de autocontrole.
A pessoa sabe o quanto aquela bebida pode reduzir seus reflexos. Mas bebe. Sabe que pode entrar por uma via errada, subir um canteiro – e mais, sabe que pode atingir pessoas com uma máquina de 1 tonelada e meia. Mas a vítima da acrasia bebe.
A falta do sentimento de remorso implica admitir uma normatização destes horrores, como se quem perdeu a perna não tenha também deixado morrer um pedaço de si, e um dos mais significativos, uma vez ter escolhido o pedestrianismo.
Em um cenário assim sombrio, a Bahia cavou sua cova mais funda deste século 21; oito óbitos ao dia, quase 3 mil por ano, não importa o tamanho do número, uma vítima já seria mais que suficiente para frear os efeitos do necro-trânsito.
Como a educação para o trânsito ainda não gera o alcance desejado e as campanhas de conscientização ocorrem no modo sazonal, o problema estrutural permanece. Mas ao menos nas estradas a venda do aguardente poderia ser controlada – o contexto etílico predominante chega a gerar identidade de um número razoável de adictos.
Faz-se a opção pela morte, prevalecendo o risco, restando aos prudentes recolherem-se a local o mais distante possível dos carros, pois os avanços tecnológicos crescem desproporcionalmente ao desenvolvimento moral dos condutores.
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