EDITORIAL
Pantanal em desespero
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial
Macacos, cobras e jacarés já não têm para onde escapar, em desespero, diante da proporção do incêndio no Pantanal, a maior planície alagável do mundo, situada entre os estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.
O rastro dos cadáveres representativos de algumas das espécies do exuberante bioma coincide com a passagem do rasteiro fogaréu, anunciando a sensação de inclemência motivada pelo desequilíbrio climático em escalada.
Estima-se uma quantidade maior a de 17 milhões de vertebrados indo a óbito por queimadura – dor indescritível – pois o número de focos do braseiro para o mês de junho é o maior desde 1998, quando o índice passou a ser registrado.
O equivalente da área consumida pelas chamas é a de cinco vezes a da capital baiana, um tamanho capaz de assustar mesmo as pessoas com maior controle emocional, pois trata-se de devastação jamais verificada em toda a história.
O aumento de 54% em relação a 2020, anterior recordista da marca macabra, já faz de 2024 um ano do qual Nero teria mais motivos para gargalhar, hipoteticamente nostálgico de mandar tocar fogo na Roma dos césares.
Será difícil aos insanos da resistência negacionista contrapor qualquer argumento falacioso aos dados confirmados pelo reputado Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Alinha-se ao lado da ciência, neste momento decisivo da história, não apenas do Brasil, mas da humanidade, o programa BDQueimadas, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais, bastião das trincheiras antifogo.
De acordo com os virtuoses das estatísticas, o aquecimento global provém da prática absurda de poluir o planeta e a atmosfera, produzindo secas no Rio Paraguai, um dos fornecedores das limpas águas do maravilhoso cartão-postal.
Do governo federal e da frente antifascista, espera-se seguir o lema “união e reconstrução”, ampliando-se recursos a fim de atrair o reforço de brigadistas, equipamentos e aeronaves para aspergir salvadoras espumas sobre o inferno.
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