EDITORIAL
Planos doentios
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
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A insaciável gula vai além do pecado mortal simples, pois há o agravante da iniquidade – produzir o mal por deliberação –, quando se verifica nos Planos de Saúde a vantagem do impulso e do ímpeto sobre a razão, feita de prisioneira.
O novo reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) chega perto de 7% - exatos 6,91% -, com validade de maio, em modo retroativo, até abril de 2025, abatendo as finanças de 8 milhões de vítimas.
O percentual é uma possível “generosidade de classe”, considerando as instituições graciosas com os aquinhoados, gerando o efeito de “absurdo”, aquele momento tão especial da existência a ponto de nos provocar a náusea.
Não se precisa de tabuada ou acessar as calculadoras para perceber o disparate, uma vez ter estacionado em 3,69% o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pelo qual se mede o correr da inflação.
Mesmo saltando a estranheza em rápida visada sobre os algarismos, a Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda fez vistas grossas, defendendo “manutenção do equilíbrio econômico-financeiro das operadoras”.
Aplicando a teoria do correspondentismo, relacionando o nome ao agente produtor de empobrecimento da ampla e refém clientela, teria, por força, que alterar-se para “Planos de Doença”, não fosse o mau gosto do chiste proposto.
Cada rapinagem, equivalente ao hiperbólico aumento de tarifa, acompanha o cancelamento de contratos individuais, em acintosa afronta à cidadania, aterrando junto com o ânimo do cliente os fundamentos dos valores morais.
O amplo debate convocado pelo Senado Federal sobre os cancelamentos unilaterais implica pensar na força da mecânica de mercado, a ponto de enredar multidão de brasileiros, expostos à mais suprema humilhação.
Entra em cena o inconclusivo debate entre quem vê como mais relevante a força das operadoras de saúde e aqueles incapazes de entender como um bem tão relevante pode virar uma mercadoria qualquer.
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