EDITORIAL
Racismo digital
Confira o Editorial do Jornal A TARDE
Por Editorial
Sabendo-se o quanto a inclusão digital pode contribuir para o desenvolvimento, o país tem muito a avançar na qualidade das conexões, aliada à necessária pedagogia voltada ao convívio ameno baseado em conteúdos verdadeiros.
Dados confiáveis, divulgados recentemente, revelam apenas dois entre 10 brasileiros em condições “satisfatórias” para navegação pelas infovias, cavando abismo favorável a menor parte da cidadania, em flagrante de desigualdade.
Como ocorre em outros índices, são rebaixados os não-brancos (autoproclamados pretos e pardos) e os de menor poder de consumo, situados nas classes D e E, concentrando-se maiorias excluídas no Norte e Nordeste.
Os resultados da pesquisa reveladora de mais uma extrema desigualdade foram distribuídos pelo estudo inédito “Conectividade Significativa”, a partir de demanda do Comitê Gestor da Internet do Brasil, conhecido pela sigla CGI.br.
O método científico utilizado foi o de medição da qualidade do acesso às tecnologias, tendo como parâmetros o custo, a variedade dos dispositivos, a frequência de acesso e a rapidez – ou lentidão – relatada pelos usuários.
A análise qualitativa implica pensar as variáveis em critérios de escala dos números 0 a 9, desde a ausência plena de oportunidades até a presença de todos os itens, de onde saiu o placar amplamente marcado por desequilíbrio.
O odioso racismo mostra sua monstruosa feição, com a presença dos de epiderme clara, 32%, na faixa mais alta, enquanto os descendentes de africanos e indígenas ficam com 18% da melhor fibra óptica. Não se precisa de qualquer arte divinatória para prever o desdobramento das diferenças, com ampliação de vantagens a bem-aquinhoados.
Ao desvelar as diferenças, a enquete desmascara a falsa aritmética de 84% da população acessando igualmente as engenhocas inventadas no Vale do Silício, pois agora se podem verificar distinções a favor da menor fração deste percentual.
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