EDITORIAL
Uma bela senhora
Confira o editorial do Jornal A TARDE deste sábado
Por Editorial

Uma boa dose de imaginação e o acesso a informações confiáveis são condições necessárias para quem ama Salvador celebrar condignamente o aniversário da primeira capital fundada em 1549.
A data de 29 de março foi escolhida no Congresso do quarto centenário, em 1949, sem deslustre para a “bela senhora”, nascida conforme se vê no painel de azulejo do Porto da Barra, representando a vinda de Tomé de Souza.
Assim, criou-se a São Salvador da Baía de todos os santos, a “Cidade da Baía”, finalmente Bahia, pensada primeiro como fortaleza, pois visavam os portugueses defenderem-se de outros invasores.
Entre as edificações militares de pedra e cal, destaca-se o Forte de Santo Antônio, depois Farol da Barra, resistência contra holandeses, registrando-se neste 2025 os 400 anos da expulsão dos flamengos.
Mais recentemente, no início do século passado, todo aquele arrabalde ganhou perfil próximo do atual, quando não havia trator, utilizando-se pá, picareta e banguê (estrado para transportar material de construção).
Uma Salvador cheirosa pelos generosos roseirais combinava com a “cidade das fontes”, do Capim, da Vovó, Nova, das Pedras: a água minava bruscamente por todo canto, daí o nome da famosa ladeira: Água Brusca.
A “Boa Terra”, no entanto, aceitava o mal da escravidão, desobedecendo os senhores negreiros à Lei Eusebio de Queirós, ao receberem contrabando de pretos na praia por isso nomeada “Chega-Nego”.
A capacidade de transformar a dor em libertação ressignificou o local como símbolo de amor – e da mais iniludível prática erótica –, como um “motel” a céu aberto: o Jardim dos Namorados.
Devem também os soteropolitanos aos condenados à detenção o empenho involuntário em melhorar a cidade, construindo-se a ligação da Fonte Nova ao Alto das Pitangueiras: o trabalho forçado está no nome da Ladeira dos Galés.
Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, Cabula, Itapuã, Plataforma, Escada, Ruas da Ajuda, dos Ourives, dos Algibebes, há muito para se aprender – e cuidar melhor –, partindo do azulejo do Porto da Barra.
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