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OPINIÃO

Vodun Zo, pequeno mundo negro

Por Jorge Portugal | Poeta, educador esecretário estadual de Cultura | [email protected]

19/07/2016 - 14:35 h

Carnaval. Reabertura da Concha Acústica. São João no Centro Histórico. Lançamento do Fundo de Cultura-Editais Setoriais 2016. Todo esse tropel de mega-acontecimentos no primeiro semestre. Claro que o quase sexagenário aqui não iria aguentar sozinho tanta onda. Precisei de uns dois dias lá na minha "fonte de recarga" para recompor o déficit de energia do corpo e da alma. Rumei para o Curuzu e lá bati à porta do Vodun Zo. Já escrevi antes sobre esse lugar, mas, como a inspiração é grande demais, conto mais uma vez.

O kwe Vodun Zo é uma comunidade religiosa de matriz africana, de origem gege-savalu, uma das raríssimas com esse perfil na Bahia e no Brasil. Seu líder espiritual, doté Amilton Costa, é um dos zeladores de maior respeito no mundo do axé, indo, inclusive, frequentemente, a Harvard e outras universidades dos EUA e Europa para palestrar sobre seus conhecimentos. Lá, no kwe, sinto-me extremamente bem, vez que desfaço-me de todas as minhas máscaras sociais. Lá eu não sou secretário de Cultura da Bahia, não sou professor, nem apresentador, nem poeta. Sou apenas Jorge, irmão de tantos outros que se chamam Bugalu, Júnior, Picolo, Deré, Paulo, Caetano, nomes próprios ou apelidos que podem ser traduzidos por carinho, afeto, solidariedade e respeito. No kwe se respeita tudo: idade, orientação sexual, condição socioeconômica, opinião política, tudo mesmo. Lá eu tomo a bênção das pessoas, e ponho a bênção nas pessoas também.

A língua do povo gege é o fon. E muito me impressiona que, estando "espremida" por duas matrizes linguísticas poderosas na Bahia - as línguas do banto e o yorubá - o idioma fon mantém-se resistente e incólume. Mas... não foi assim, de resto, com todo o povo negro escravizado por séculos no Brasil? Tentaram sequestrar-lhe a alma, apagar lembranças e identidade, proibir religiões, mas terreiros de candomblé como o Vodun Zo - e muitíssimos outros - preservaram toda a cultura ancestral e atravessaram, vitoriosos, séculos de negação.

Tá certo, Caetano: "o grande vencedor se ergue além da dor".

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