O Anjo Bom da Bahia é a Santa Dulce dos Pobres | A TARDE
Atarde > Para sempre Dulce

O Anjo Bom da Bahia é a Santa Dulce dos Pobres

Publicado domingo, 13 de outubro de 2019 às 06:25 h | Atualizado em 13/10/2019, 16:56 | Autor: Cleidiana Ramos | Foto: Walmir Cirne | Ag. A TARDE
Ensaio de cerimônia teve acesso limitado
Ensaio de cerimônia teve acesso limitado -

É neste domingo, 13, a grande festa que interessa especialmente aos baianos: a canonização de Santa Dulce dos Pobres. A cerimônia acontece às 10h, em Roma, equivalentes às 5h do Brasil. Presidida pelo papa Francisco, a missa inclui também a declaração como santos dos beatos John Henry Newman, inglês, fundador do Oratório de São Felipe Neri, na Inglaterra; Margarida Bays, suíça, terciária da Ordem de São Francisco de Assis; Josefina Vannini, italiana, fundadora das Filhas de São Camilo e Maria Teresa Chiramel Mankidiyan, indiana, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família.

Neste sábado, 12, foi dia de ensaio geral da celebração, mas com participação restrita, inclusive para profissionais de mídia. O objetivo foi resguardar algumas das surpresas preparadas.

Para a participação relacionada a Irmã Dulce estiveram presentes o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger; a superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce e sobrinha da religiosa, Maria Rita Pontes; a irmã da nova santa, Ana Maria da Silva Carneiro Lopes Pontes; o presidente do Conselho da Osid, Angelo Calmon de Sá, e os artistas que irão se apresentar na cerimônia: Margareth Menezes, Waldonys e o padre Antônio Maria. O músico José Maurício Bragança Moreira participará de um outro momento da missa, pois foi o receptor do milagre que permitiu a oficialização da canonização ao ser curado de uma cegueira que durava 14 anos.

“Não tem nem como explicar a emoção de estar aqui. Gratidão, alegria e fé são as palavras que eu tenho. Nunca percam a fé, porque eu sou um exemplo vivo de que a fé em Irmã Dulce e em Deus nunca deve acabar”, disse Moreira.

O arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, também destacou a emoção antecipada. “Desde já o coração começa a bater um pouquinho mais acelerado e com razão. Só mesmo daqui a muito tempo iremos entender a graça e oportunidade de viver este momento”, completou.

Devoção e música

A cantora Margareth Menezes, quando criança, foi vizinha da Osid. Sua relação com a Cidade Baixa, região do início do trabalho social de Irmã Dulce é, portanto, intensa. Neste domingo, as conhecidas potência e beleza da voz de Margareth irão ecoar pela Praça de São Pedro, a sede mundial do catolicismo.

“É um momento especial para todos nós da Bahia e do Brasil, um momento sagrado para a Igreja Católica, mas também traz uma mensagem da fraternidade de Irmã Dulce e isso atende a todos. O amor ao próximo é a verdadeira lei para ter um mundo melhor”, destacou.

O sanfoneiro cearense Waldonys tem uma ligação próxima com o catolicismo: uma tia é da mesma congregação integrada por Irmã Dulce - as Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição (IMIC) - e um tio, já falecido, foi franciscano. Waldonys ainda não conhecia Irmã Dulce, mas, após a participação em um show, foi procurado por Maria Rita Pontes. A relação nascente ganhou outros ingredientes especiais: o Ceará é o estado que disputa com Sergipe o local de maior devoção a Irmã Dulce depois da Bahia. Além disso, a religiosa tocava acordeon.

“O meu coração hoje é só gratidão. É o evento mais importante da minha vida. Imagine um artista ser agraciado em vir tocar no Vaticano, na Praça de São Pedro, no ato da canonização da primeira santa genuinamente brasileira, nordestina e sanfoneira. Eu, que sou sanfoneiro, afilhado de Seo Luís Gonzaga e Dominguinhos, tenho tido muitas graças na minha vida. Costumo dizer que todos nós temos dois livros para Deus: um para pedir e outro de agradecer. O meu de pedir nem sei nem mais onde anda porque só tenho agradecido”, disse.

Celebração tem rito específico, que envolve vários detalhes litúrgicos

A liturgia é uma área especial da teologia católica. Repleta de detalhes, nada que ela indica é por acaso e o seu conjunto envolve de beleza os vários ritos. Em uma celebração onde ocorre a canonização de santos há vários detalhes litúrgicos que merecem atenção.

Após o início da missa, o prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, o cardeal Giovanni Angelo Becciu, irá apresentar dos beatos que serão canonizados. Em seguida vem a ladainha de todos os santos. Logo após há a proclamação da fórmula de canonização, que é recitada em latim. “Quando o papa faz esta proclamação é o momento solene. Por que é feita em latim? Porque o latim ainda é a língua oficial da Igreja”, explica o frei Jorge Rocha, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMCap), e professor-doutor da Universidade Católica do Salvador (UCSal).

Após este momento, há um canto de comemoração, uma espécie de Te Deum, que é um agradecimento a Deus. “Em seguida o cardeal-prefeito agradece ao papa e segue-se à formulação canônica jurídica, que é uma carta apostólica onde os santos são de fato reconhecidos”, completa frei Jorge Rocha.

Descerramento

O rito inclui o descerramento das imagens dos santos que, geralmente, começam cobertas. A partir daí a missa segue o seu rito rotineiro: leituras, sermão, ofertório e consagração da Eucaristia.

Publicações relacionadas