PETROBRAS 70 ANOS
O futuro já bate à porta
Empresa detém o maior potencial de geração eólica do país e segue na busca pela energia sustentável
Por Marlene Lopes
A Petrobras chega aos 70 anos em tempos de intensa preparação para o futuro e, segundo o seu presidente, Jean Paul Prates, plena da sua capacidade para romper barreiras em busca de inovação:
“Vale lembrar que, há 15 anos, ninguém acreditava que seria possível produzir no pré-sal, que hoje responde por quase 80% da produção petrolífera nacional”.
E a conquista de novos negócios baseados em energia renovável vai contar com esse mesmo talento desbravador. Já é uma realidade, por exemplo, a produção de diesel com conteúdo renovável na Repar, refinaria instalada no Paraná, além do conquistado marco de empresa nacional com maior potencial de geração eólica.
Prates cita ainda, no cenário de redução de emissão de carbono na produção de petróleo, o trabalho inovador de separação e reinjeção de CO2 para reduzir a emissão do gás na atmosfera: “Isso permitiu que a companhia atingisse o recorde de 10,6 milhões de toneladas de CO2 reinjetadas em 2022, que são 25% do volume total de armazenamento geológico do mundo. A Petrobras é pioneira nesse tipo de operação”. Resgatando o histórico de produção na Bahia, ressalta que, já na década de 1990, a companhia fazia injeção de CO2 de origem industrial nos campos baianos.
A meta da Petrobras é neutralizar as emissões operacionais de carbono até 2050 e impulsionar, com sustentabilidade, a transição energética. E, para isso, contará num futuro breve também com tecnologias como as plataformas eletrificadas – ou all electric –, que são unidades de produção de petróleo equipadas para utilizar menos combustível na geração de energia a bordo da unidade, capazes de reduzir 20% das emissões de gases de efeito estufa, e com a tecnologia “HI-SEP”, que vai separar gás rico em CO2 do petróleo ainda no leito marinho e reinjetá-lo no reservatório. Esse método avançado, um salto considerável para a descarbonização da produção de petróleo, será uma realidade inicialmente no Campo de Mero 3, localizado no pré-sal da Bacia de Santos.
Vejo a Petrobras como um grande transatlântico e, numa estrutura dessa, não se puxa o freio assim de uma hora para outra. Tem que dar aquela deslizada primeiro. E nós estamos nessa etapa para depois darmos a guinada. E nós vamos dar essa guinada. E vamos fazer isso com paralelismos muito claros em cada um dos segmentos. Se nós somos melhores no mar, os melhores em tirar petróleo, temos os melhores geólogos, os melhores engenheiros de produção, nós vamos usar essas pessoas para irmos além, para irmos para novas fronteiras exploratórias, mas também vamos explorar recursos naturais no mar e na terra”
Outra tecnologia na lista da Petrobras é a de “flare fechado”, que aumenta o aproveitamento de gás, de forma segura e sustentável, impedindo que ele seja queimado para a atmosfera. A implantação está em sintonia com a iniciativa de queima zero até 2030, do Banco Mundial, e definida pela companhia como um dos seis compromissos de sustentabilidade.
Ainda na trilha do mercado com baixo carbono, a empresa investe em matérias-primas renováveis para gerar produtos sustentáveis. Já está em produção, por exemplo, o Diesel R – que é diesel com conteúdo renovável –, que resulta da mistura de petróleo com óleo vegetal. Segundo o presidente da Petrobras, o refino atual é o que tem condições em escala de rapidamente introduzir elementos biológicos no que hoje é só óleo cru: “Então é descarbonizar o combustível. Nós já estamos fazendo isso muito veementemente. Esse é o paralelo que nós temos entre a transação energética e o refino”.
A companhia pretende agora fazer aprimoramentos e expansões nos parques de refino existentes. O trabalho seguinte será adaptar esses parques existentes para biorrefino, que é o refino dedicado ao processamento de combustíveis e produtos sustentáveis. “Vai dar certo porque são avanços em cima do que já existe”, acredita o presidente da Petrobras.
Um feito inédito conquistado recentemente nessa área se deu na Refinaria de Petróleo Riograndense (RPR), que alcançou um marco histórico ao processar, pela primeira vez, 100% de óleo de soja em uma unidade de refino industrial. A tecnologia, desenvolvida no Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação (CENPES) da Petrobras, permite adotar como carga uma matéria-prima 100% renovável, com inovações de processo e catalisador, gerando produtos petroquímicos integralmente renováveis. O processamento de matéria-prima 100% renovável em unidade de craqueamento catalítico fluido (FCC) é o primeiro do mundo.
Nordeste competitivo
Sobre o investimento futuro em energia eólica offshore, o presidente da Petrobras confirmou o envio do pedido ao Ibama de licenciamento de dez áreas litorâneas do Brasil, sendo sete localizadas na região Nordeste – Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. Sendo assim, a Petrobras já é a empresa com o maior potencial de geração de energia eólica offshore no Brasil em termos de capacidade protocolada junto ao Ibama.
Nesse quesito, o Nordeste é vantajoso e competitivo por conta das condições climáticas, como explica o presidente da companha: “As referências internacionais de offshore hoje são em áreas onde chovem torrencialmente, onde ocorrem furacões, tempestades fortíssimas e as máquinas são extremamente forçadas a trabalhar num regime muito inóspito. Já na nossa costa, principalmente no Nordeste, temos um ambiente favorável. Nós teremos, no Nordeste em menos de sete anos, o ambiente mais competitivo, mais atrativo e mais rentável no mundo para aproveitamento no mar”.
Futuro verde
E os projetos de eólicas offshore da companhia serão conectados à produção de hidrogênio verde para exportação. Segundo Jean Paul Prates, posteriormente, a produção servirá de backup para o abastecimento elétrico nacional. “Temos a missão de ser os pioneiros também nesse quesito”. O potencial offshore serve de ânimo para o projeto da companhia voltado para o hidrogênio verde, considerando a possibilidade do processo de eletrólise ser impulsionado por energia eólica para separação das moléculas de hidrogênio e de oxigênio, com emissão zero de carbono na atmosfera.
O hidrogênio, que é categorizado por cor de acordo com a emissão ou não de CO2 durante o processo de produção, é mais usado hoje como insumo da indústria química, mas não é exagero ser chamado de “combustível do futuro” na sua versão verde. Mas tem um longo caminho a percorrer, principalmente em pesquisa. O certo é que o futuro já está logo ali, batendo à porta.
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