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2021, um ano de reviravoltas na pandemia e corrida eleitoral

Confira os principais fatos políticos que ocorreram na Bahia e no Brasil durante o ano

Publicado quarta-feira, 29 de dezembro de 2021 às 07:00 h | Atualizado em 29/12/2021, 09:56 | Autor: Cássio Santana, Léo Sousa e Rodrigo Aguiar

Um ano que começou com esperança das primeiras pessoas vacinadas contra Covid-19 no país e terminou com a nova ameaça gerada pela variante Ômicron, com o cancelamento por mais um ano do Carnaval de Salvador e certa sensação de Déjà Vu negacionista com a resistência do Planalto em aprovar o uso da vacina da Pfizer em crianças entre 5 e 11 anos.

Mas 2021 foi também o ano da CPI da Covid, que pediu 80 indiciamentos, entre eles do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos. Foi também o ano do retorno do ex-presidente Lula à corrida presencial, após ter de volta os seus direitos políticos. Por outro lado, marca o ingresso de vez na política do ex-juiz Sergio Moro, que se filiou ao Podemos para disputar a eleição presidencial. Confira esses e outros fatos marcantes do ano nessa nossa retrospectiva:

 JANEIRO

 Rui acompanha primeiros baianos a serem vacinados

No dia 19 de janeiro de 2021, o governador Rui Costa acompanhou os primeiros quatros baianos a serem vacinados para a Covid-19 no estado. A imunização histórica aconteceu na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), em Salvador, em uma terça-feira de tempo firme. Após idas e vindas com o governo federal, que criou toda sorte de obstáculos para a aquisição de imunizantes para a doença, a vacina aplicada na Bahia, a Coronavac, veio de São Paulo, do Instituto Butantan, e contou com o crucial empenho e determinação do governador paulista, João Doria.

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Hospitais de Manaus ficam sem estoque de oxigênio

Em um dos momentos mais críticos da pandemia da Covid-19 no país, Manaus ficou sem  estoque de oxigênio em vários hospitais da cidade. Desde dezembro daquele ano, a capital do estado do Amazonas registrava um aumento progressivo no número de casos da doença e centros médicos lotados. Com a falta de oxigênio, pacientes que precisavam do insumo morreram asfixiados. O então ministro da saúde, Eduardo Pazuello, viajou às pressas para Manaus a fim de lançar, oficialmente, o Plano Estratégico de Enfrentamento da Covid-19 no Amazonas, que depois foi revelado ser um esforço do governo federal em  aplicar, preventivamente, o “tratamento precoce” para a população, conjunto de medicamentos sem eficácia contra a Covid e defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e asseclas.

 FEVEREIRO

Governador e prefeito anunciam restrições em Salvador

No dia 25 de fevereiro, o governador Rui Costa e o prefeito Bruno Reis, em declaração conjunta, anunciaram lockdown com restrição de  atividades não essenciais em todo o estado durante os finais de semana. A medida restringiu as atividades das 20h às 5h da manhã para 90% dos municípios da Bahia. A decisão, de acordo com o governador, foi tomada em decorrência da situação de superlotação dos leitos no estado, visando barrar o avanço da covid-19. Em Salvador, praias e parques foram fechados, o transporte público teve horário de funcionamento reduzido.

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Líder do Centrão, Arthur Lira é eleito presidente da Câmara de Deputados

Com apoio do governo Jair Bolsonaro, o deputado Arthur Lira (PP/AL), um dos principais líderes do Centrão, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados em 01 de fevereiro. O pleito representou uma derrota para o então presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tentou emplacar como seu sucessor o deputado Baleia Rossi (MDB-SP). Maia atribuiu o fracasso da campanha ao presidente do DEM, ACM Neto, que optou por indicar voto livre e não fechar acordo em torno do nome de Rossi. Após esse episódio, Maia se desfiliou do DEM e sua relação com Neto ficou estremecida.

 MARÇO

 Lula volta a ter todos seus direitos políticos após decisão de Fachin

Em 8 de março de 2021, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, decidiu que a 13ª Vara Federal de Curitiba, que tinha o ex-juiz Sergio Moro como titular, era incompetente para processar e julgar o ex-presidente Lula nos casos do tríplex do Guarujá, do sítio de Atibaia, e em duas ações envolvendo o Instituto Lula. Com a decisão de Fachin, o ex-presidente Lula voltou a ter todos seus direitos políticos e entrou no páreo para a corrida presidencial de 2022. Desde então, o petista mantém-se à frente dos adversários nas pesquisas de intenção de voto.

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Bolsonaro envia MP que institui o Auxílio Emergencial 2021

Em março, o presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional a medida provisória que instituiu o Auxílio Emergencial 2021, em um momento de recrudescimento da pandemia da Covid-19. A medida visou  atender à população mais vulnerável, que sofria os efeitos do lockdown e da restrição de atividades. 45,6 milhões de famílias foram contempladas, em um investimento de aproximadamente R$ 43 bilhões do Orçamento da União.

 ABRIL

CPI da Covid é instalada no Senado para investigar omissões do governo

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 foi instalada oficialmente em 17 de abril de 2021. Com o objetivo de investigar ações e omissões do governo federal no combate à Pandemia, a comissão tornou-se um palco de guerra entre o Palácio do Planalto  e a oposição, em um intenso embate de narrativas em torno da condução das políticas do governo em relação à pandemia do novo coronavírus.  Após seis meses de trabalhos, com 67 reuniões e mais de 60 depoimentos, o relatório final da CPI foi aprovado em 26 de outubro, recomendando 80 indiciamentos. Dentre os indiciados, o presidente Jair Bolsonaro e três dos seus filhos.

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 MAIO

Orçamento secreto para ampliar base do governo é revelado

Um esquema montado para ampliar a base do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional foi revelado pelo jornal Estado de S. Paulo. O “tratoraço”, ou orçamento secreto, como ficou conhecido, teve repercussões durante todo o restante do ano. Sem transparência, parlamentares que apoiavam o governo federal ganhavam o direito de destinar verbas com valor muito acima das emendas impositivas para seus redutos eleitorais, conforme interesses políticos.

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Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, perde a batalha para o câncer

Maio também foi marcado pela morte do então prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), de apenas 41 anos. Ele não resistiu a um câncer contra o qual lutava há dois anos. O emedebista Ricardo Nunes, então vice-prefeito, assumiu o cargo.

 JUNHO

Plenário do STF confirma decisão que declarou Moro parcial ao condenar Lula

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou, por 7 votos a 4, em 22/6, a decisão que declarava parcial a atuação do ex-juiz Sergio Moro nos casos que envolviam o ex-presidente Lula (PT) na Lava Jato. A manutenção confirmou o retorno dos direitos políticos do líder petista, pré-candidato à presidência em 2022.

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 “Superpedido” de impeachment é apresentado e ignorado na Câmara

Já no final do mês, enquanto a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid revelava as suspeitas de propina na compra de vacina e omissão do presidente diante dos indícios de regularidades, Jair Bolsonaro foi alvo do pedido de afastamento mais contundente desde o início do seu mandato.  O chamado “superpedido” de impeachment reuniu assinaturas de partidos da oposição a ex-bolsonaristas, como os deputados federais Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP).

 JULHO

Bolsonaro reforça aliança com o Centrão com a nomeação de ministros

O mês de julho marcou o mergulho de cabeça do líder do Planalto no chamado Centrão. Eleito com discurso contra práticas como a troca de apoio no Congresso por cargos, Bolsonaro, que já havia conseguido eleger aliados para as presidências da Câmara e do Senado, nomeou ministros dois parlamentares do bloco.Considerado um dos líderes do Centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) assumiu a Casa Civil no lugar do general Luiz Eduardo Ramos, remanejado para a Secretaria-Geral da Presidência. Flávia Arruda, deputada federal (PL-DF), passou a chefiar a Secretaria de Governo. Após a repercussão das nomeações, Jair disparou: “eu sou do Centrão, eu nasci de lá”.

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AGOSTO

Câmara dos Deputados rejeita PEC  que pretendia instaurar o voto impresso

O  Brasil viu a tensão política no país subir alguns degraus am agosto. A Câmara dos Deputados rejeitou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretendia instaurar o sistema de voto impresso no lugar da urna eletrônica. No dia da votação, militares promoveram um desfile na Esplanada dos Ministérios, considerado por parlamentares como uma forma de intimidação a favor da aprovação da medida defendida por Bolsonaro. Semanas antes, reportagem do Estadão havia revelado uma suposta ameaça feita pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), condicionando a realização das eleições em 2022 à aprovação do voto impresso.

Alexandre de Moraes inclui Bolsonaro no inquérito das fake news

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu Jair Bolsonaro no inquérito das fake news, que apura a disseminação em massa de notícias falsas, por ataques ao sistema eleitoral. No âmbito da investigação sobre milícias digitais, o magistrado também decretou a prisão preventiva do ex-deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, forte aliado do bolsonarismo, por promover ataques aos Poderes e ao estado democrático de direito. O presidente contra-atacou: apresentou pedido de impeachment de Moraes, rejeitado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).

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SETEMBRO

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Sete de setembro bolsonarista: a bomba que não explodiu

Nos maiores atos já organizados por bolsonaristas até então desde o começo do mandato, apoiadores do presidente saíram às ruas em todo o país no Dia da Independência para protestar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e, em muitos casos, pedir o fechamento da Corte - e também do Congresso. A expectativa era alta: nos dias anteriores, Bolsonaro tratou os atos como um "ultimato" a dois ministros do STF. O presidente não citou nomes, mas o recado foi dirigido aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Além disso, houve intensa mobilização de policiais para as manifestações, o que fez crescer entre governadores o temor de um "motim". Muitos estados reforçaram, inclusive, que estava proibida a participação de integrantes das forças de segurança nos protestos. No entanto, apesar da invasão da Esplanada dos Ministério por bolsonaristas na noite do dia 6, e de episódios de repressão policial no dia 7 - praticamente concentrados em Brasília - tudo se resumiu novamente a retórica do presidente.  

Bolsonaro na ONU: pizza na calçada e ministro infectado

Responsável pelo discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU em Nova York, Bolsonaro optou por uma espécie de aceno à sua base eleitoral, ignorando a ala do governo que defendia um tom mais diplomático e conciliador na fala. Atacou a imprensa por, segundo ele, "pintar um governo que não existe" e afirmou que o Brasil esteve "à beira do socialismo" até sua vitória, em 2018. Também defendeu o chamado tratamento precoce contra a covid-19 e criticou a adoção do passaporte sanitário. Único dos líderes do G20 presentes na Assembleia que declarou não ter se vacinado, Bolsonaro postou uma foto comendo pizza na calçada junto com parte de sua comitiva, já que os restaurantes da cidade cobram comprovante de vacinação para acesso. Alvo de protestos em Nova York, viu o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, perder a cabeça e mostrar o dedo médio a manifestantes. Queiroga, por sinal, não pôde voltar ao Brasil junto com a comitiva porque contraiu covid e precisou fazer quarentena em um hotel.

OUTUBRO

CPI chega ao fim com 80 pedidos de indiciamento

Depois de seis meses de trabalho, chegou ao fim a CPI da Covid no Senado. O relatório final, do senador Renan Calheiros, pediu o indiciamento de duas empresas e 78 pessoas, entre elas o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos Flábio, Carlos e Eduardo, diversos ministros e parlamentares aliados. Durante o período, o governo federal esteve sob intensa pressão, com sucessivas denúncias, como de propina na compra de vacinas e o caso Prevent Senior - com acusações que envolvem tratamentos experimentais sem autorização dos pacientes, fraude em pesquisa, coação de médicos e alterações de declarações de óbito. Ao mandatário, foram imputados nove crimes no enfrentamento da pandemia. O documento foi encaminhado a diversos órgãos, entre elas a Procuradoria-Geral da República (PGR), que até o momento abriu seis apurações preliminares a partir do relatório. Integrantes da cúpula da comissão consideram que a PGR tem "protelado" ou "travado" medidas contra o governo.  

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Esquenta briga entre ACM Neto e João Roma

ACM Neto e João Roma romperam publicamente quando o pernambucano se licenciou da Câmara dos Deputados para assumir o Ministério da Cidadania, ainda no começo do ano. Mas a briga ganhou outros contornos quando entrou em cena Roberta Roma, esposa do ministro. A mulher de Roma veio a público acusar Neto, de quem foi próxima por 20 anos, de ameaçar pessoas próximas para que não a apoiem em seu plano de concorrer a deputada federal. Segundo Roberta, o objetivo do ex-prefeito seria, limando ela, obrigar o deputado licenciado a disputar a reeleição para a Câmara, o que evitaria uma candidatura de Roma ao governo da Bahia. Ao disparar contra Neto, Roberta chegou a chamá-lo de coronelzinho e velho travestido de novo. O presidente Jair Bolsonaro conta com a candidatura de Roma ao governo da Bahia. Nos últimos meses, o ministro intensificou a agenda no estado; em algumas dessas oportunidades, acompanhado pelo chefe do Palácio do Planalto.

DEM e PSL aprovam fusão para nascimento do União Brasil

Com a expectativa de ser o maior partido de direita do Brasil, o União Brasil passou a ser tratado como uma realidade a partir do início de outubro, quando DEM e PSL aprovaram o processo de fusão. Resta ainda o reconhecimento pela Justiça Eleitoral, que só virá no próximo ano. Pré-candidato ao governo da Bahia e líder nacional do Democratas, ACM Neto será secretário-geral da nova sigla. Com quase R$ 1 bilhão dos fundos eleitoral e partidário, a legenda terá à sua disposição a maior fatia de recursos públicos para a eleição de 2022. O tamanho real do novo partido, porém, só deverá ser conhecido em março, com o movimento de saídas e chegadas na janela partidária. Além disso, provavelmente precisará lidar com divisões internas para evitar um racha. Futuro presidente do União Brasil e cacique nacional do PSL, o deputado Luciano Bivar seria simpático à formação de uma chapa com Sérgio Moro, na qual o novo partido indicaria o vice. Não há, entretanto, consenso em relação a isso.

 NOVEMBRO

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Sergio Moro oficializa entrada na política com filiação ao Podemos

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro dá o pontapé inicial em sua tentativa de ser o candidato da chamada "terceira via" em uma disputa polarizada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. Para isso, se filiou ao Podemos. Como esperado, já na cerimônia de abertura, criticou o antigo aliado e aquele a quem condenou na Lava Jato. "Continuar qualquer um dos dois é continuar com os mensalões, orçamentos secretos e shows na Avenida Paulista”, afirmou Moro. “Chega de querer levar vantagem em tudo e enganar o povo brasileiro”, acrescentou o pré-candidato, que tem no combate à corrupção o seu mote. Para finalizar, o ex-juiz disse estar "à disposição". “Jamais usarei o Brasil para ganho pessoal. Vocês sabem que podem confiar que eu sempre vou fazer a coisa certa. Ninguém irá roubar o futuro do povo brasileiro. Estou, portanto, recomeçando hoje, à disposição de vocês, por um Brasil justo para todos”, discursou. Nos bastidores, Moro já havia iniciado sua investida no meio empresarial, em busca de apoio para a candidatura, que não causou, até então, impacto nas pesquisas de intenção de voto.

Após "namorar" PP, Bolsonaro oficializa casamento com o PL

Após idas e vindas e depois de dois anos sem partido, o presidente Jair Bolsonaro definiu e oficializou sua filiação ao PL, de Valdemar Costa Neto. O PL forma uma das bases do "tripé" de sustentação do governo no Congresso, junto com PP e Republicanos. Chegou a ser bastante especulado o possível ingresso do presidente no PP, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, mas Bolsonaro terminou não retornando à antiga casa. Depois de se desfiliar do PSL, partido pelo qual foi eleito, o mandatário tentou emplacar o Aliança pelo Brasil, mas esbarrou na falta de assinaturas necessárias. Em seu primeiro discurso como integrante do PL, o chefe do Palácio do Planalto agradeceu a Valdemar por recebê-lo : "Pode ter certeza que nenhum partido será esquecido por nós. Não temos a virtude de sermos o único certo, muito pelo contrário. Queremos, sim, compor nos estados para senador, governador". A filiação de Bolsonaro ao PL movimentará o partido, com saídas e chegadas. Diversos bolsonaristas baianos participaram da solenidade, antecipando o movimento que farão, de seguir o presidente   

Declaração de Rui Costa sobre "traíras" causa tensão com aliados

Contrário à PEC dos Precatórios, o governador Rui Costa não aliviou nas críticas aos parlamentares que votaram a favor do texto na Câmara dos Deputados. Em discurso no interior, sobrou até mesmo para os aliados locais. "Chega de deputado traíra, chega de gente que maltrata o nosso povo e vem aqui enrolar o povo com conversa mole", disse o governador. A declaração causou tensão dentro da base aliada, já que deputados de partidos aliados do PT na Bahia, como PSD e PP, votaram a favor da PEC, indo de encontro ao pedido feito alguns dias antes por Rui. Houve respostas públicas do senador Otto Alencar (PSD) e do deputado federal Cacá Leão (PP), filho do vice-governador João Leão (PP). Otto disse que a orientação pelo voto favorável da bancada baiana do PSD partiu de acordo com o governador. Cacá foi mais incisivo ainda, ao afirmar que "o tempo do chicote e do coronelismo já acabou na Bahia" e "não será reeditado por ninguém". "Somos aliados fiéis, mas não somos capachos e exigimos respeito", completou o deputado.

Congresso desafia STF e mantém Orçamento secreto

Em articulação conjunta, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mantiveram em sigilo os nomes dos parlamentares responsáveis por indicar em 2020 e 2021 os destinos das chamadas emendas de relator no Orçamento. A medida contraria decisão anterior do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia determinado transparência nesse quesito, com a divulgação retroativa dos autores das indicações. Em ato conjunto aprovado pelo Congresso, foi apontada “impossibilidade fática de se estabelecer retroativamente um procedimento para registro das demandas recebidas pelo relator-geral com sugestão de alocação de recursos”, o que tornaria "impossível o registro dos nomes”. O argumento foi rebatido por setores técnicos do Senado, mas ainda assim o texto foi aprovado, com promessa de maior transparência. Ficou definido que, a partir de 2022, os nomes dos autores das indicações serão publicados no site da Comissão Mista de Orçamento. Após aprovação do ato conjunto, o STF recuou e voltou a autorizar a execução de emendas de relator.

DEZEMBRO

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André Mendonça é aprovado para o STF depois de longa espera por sabatina

O Senado aprovou a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), depois de um bloqueio à sua sabatina, que demorou quatro meses para acontecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). “Um passo para o homem, mas um salto para os evangélicos". Foi parafraseando a famosa declaração de Neil Armstrong, primeiro astronauta a pisar na lua, em 1969, que Mendonça, ex-AGU e ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, comentou sua aprovação para a Suprema Corte. Ele é o ministro "terrivelmente evangélico" que o presidente prometera indicar para o STF. Ao comemorar efusivamente a aprovação de Mendonça pelo Senado, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, "falou em línguas", como dizem os evangélicos pentecostais. Filmada, a cena viralizou e foi alvo de zombaria, o que fez Michelle e segmentos evangélicos reclamarem de intolerância religiosa.

Com jingle do avô, ACM Neto oficializa pré-candidatura

Com uma versão repaginada do famoso jingle "ACM, meu amor", promessas de um governo descentralizado e evitando "nacionalizar" a campanha, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto lançou oficialmente sua pré-candidatura ao governo da Bahia. Ao lado de representantes nacionais do futuro União Brasil - que nasce da fusão entre o DEM e o PSL - e também de lideranças locais, Neto deu o pontapé na campanha para o governo no Centro de Convenções. No discurso, concentrou-se nos temas do estado. Afirmou que sua pré-candidatura não estará "carimbada" com nenhuma figura nacional. "Não vou depender de ninguém chegar de Brasília, colocar a mão no meu ombro e dizer que vou ser o governador", disse. Neto voltou a repetir que, caso eleito, estará "preparado para governar com qualquer presidente que o Brasil escolha". Entre as lideranças nacionais que participaram do evento, estiveram o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o futuo presidente do União Brasil, Luciano Bivar.   

Peça de sustentação do Auxílio Brasil, PEC dos Precatórios é promulgada

Instrumento que permitirá ao governo Bolsonaro abrir o espaço fiscal para o pagar o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 no próximo ano, a PEC dos Precatórios foi promulgada (em parte) no início de dezembro pelo Congresso, em cerimônia conjunta com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Foi promulgada a parte em que há acordo entre as duas Casas, que inclui a mudança na correção do teto de gastos, o que foi alvo da crítica de especialistas e causou uma debandada no Ministério da Economia. A PEC altera a regra de pagamento dos precatórios, dívidas do governo federal com pessoas físicas e empresas, cujo pagamento já foi determinado pela Justiça em decisão definitiva. Conforme o texto aprovado, o governo poderá adiar o pagamento de parte dos precatórios previstos para 2022. Para muitos opositores, a PEC é uma estratégia do governo Bolsonaro para buscar apoio popular em ano eleitoral.

Com vacinação avançada entre adultos, governo resiste em imunizar crianças

O capítulo mais recente da desconfiança e descrédito do presidente Jair Bolsonaro em relação às vacinas contra a covid-19 surgiu na última semana, após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar o uso da vacina da Pfizer em crianças entre 5 e 11 anos. Em transmissão nas redes sociais, Bolsonaro reagiu, cobrando a divulgação dos responsáveis pela decisão técnica do órgão regulador, classificada por ele como "inacreditável". Ato contínuo, ataques e ameaças a funcionários da Anvisa foram intensificados, o que causou a reação de servidores e até mesmo do diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres. Em movimento incomum, o Ministério da Saúde lançou uma consulta pública sobre a vacinação da referida faixa etária. O ministro Ricardo Lewandowki, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu ao governo um prazo até o dia 5 de janeiro para apresentar um plano de imunização das crianças. No primeiro ano da pandemia, o governo demorou a agir na compra de imunizantes, o que atrasou o início da vacinação no Brasil em relação a outros países.

Governador oficializa não realização do Carnaval

A novela já tinha o final desenhado há muito tempo, mas ele só chegou perto da virada do ano. O governador Rui Costa oficializou a não realização do Carnaval, após manifestar em incontáveis ocasiões sua discordância em fazer a festa em 2022. O anúncio de Rui, entretanto, apenas confirma o que já era dado como certo mesmo por defensores da realização da tradicional folia. Com a demora do governo em anunciar uma decisão, artistas e organizadores já haviam informado o cancelamento de blocos. Por meses, o governador e o prefeito Bruno Reis estiveram em lados opostos do debate, com o gestor municipal favorável à festa, com o argumento de que os atuais números da covid-19 na cidade não impossibilitavam a realização do Carnaval. "Sabe aquele filme Missão Impossível? Nós estamos na Missão Impossível 3, então, não será possível fazer esse Carnaval. Não tem a mínima condição", informou Rui, ao bater o martelo. "Alguém falar de Carnaval a essa altura do campeonato está querendo ser irresponsável com a vida do outro e eu não estou nesse grupo. Portanto, nós não teremos Carnaval nesse modelo que nós conhecemos. Não há mínima condição", finalizou.

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