'A caneta será sem tinta', diz Adolfo Menezes, governador interino da Bahia

Publicado domingo, 17 de outubro de 2021 às 06:00 h | Atualizado em 16/10/2021, 22:21 | Autor: Rodrigo Aguiar
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Presidente da ALBA assumirá governo estadual pelas próximas duas semanas | Foto: Sandra Travassos
Presidente da ALBA assumirá governo estadual pelas próximas duas semanas | Foto: Sandra Travassos -

Governador interino da Bahia pelas próximas duas semanas, Adolfo Menezes (PSD) afirma que cumprirá o papel com discrição. O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) assume temporariamente a chefia do Executivo baiano em função de viagens do governador Rui Costa (PT) e do vice João Leão (PP).

"A caneta será sem tinta, até mesmo porque não tem o que mudar na melhor gestão de toda a história republicana da Bahia, que é a do governo Rui Costa", diz Menezes. "O povo da Bahia votou e confiou neles [Rui e Leão] para gerir a máquina pública do nosso Estado, portanto a legitimidade moral para definir políticas de governo é deles, e não será minha", acrescenta.

Sobre a agenda dos próximos dias, Menezes participará dos compromissos já agendados pela Casa Civil, atento a "decorrências e intercorrências deste período sombrio da nossa história, com negacionistas e terraplanistas atrapalhando ainda mais". "Mas já pedi ao Senhor do Bonfim e à Santa Irmã Dulce que tudo transcorra em paz", afirma.

Enquanto Menezes estiver à frente do Executivo, a presidência da Assembleia será ocupada pelo deputado Paulo Rangel (PT), primeiro vice-presidente, que "conhece bem a engrenagem da Casa". "Portanto, não haverá solução de continuidade também. Todas as votações estarão mantidas, assim como o funcionamento normal do parlamento baiano", diz. Confira a entrevista abaixo:

Qual a expectativa para os próximos dias, em que o senhor será governador interino da Bahia?

Em primeiro lugar, com muita honra, e também com muita serenidade. Sou o chefe do Legislativo e por um breve período de tempo vou assumir o Executivo da Bahia. Confesso que nem nos meus sonhos mais dourados esperava que um dia isso acontecesse. E está acontecendo. Vou ser governador, ainda que temporário, de um estado ímpar na economia, na história, na cultura, com um povo diferenciado. E me vem todo um filme na cabeça, da minha infância em Campo Formoso, de meus pais, de meu irmão Herculano – que era o melhor político entre nós – de minha família e de meus amigos. Só posso agradecer a Deus por este momento iluminado – mais um – em minha vida.

Como será a sua agenda no período?

A caneta será sem tinta, até mesmo porque não tem o que mudar na melhor gestão de toda a história republicana da Bahia, que é a do governo Rui Costa. Se uma canetada fosse suficiente, gostaria de assinar um decreto acabando com a fome, porque é injusto e absurdo que milhões de irmãs e irmãos brasileiros passem fome no terceiro maior produtor de alimentos do mundo e entre as maiores economias do mundo, embora tenhamos caído, nos últimos anos, de sexta economia para a 12ª. Dados atualizados de 2020 indicam que 19 milhões de brasileiros estão em situação de fome no país. Para se ter uma ideia desta calamidade, em 2018 eram 10,3 milhões.

O senhor participará de compromissos públicos? O que já foi definido?

Sim, vou participar de tudo que já estava agendado pela Casa Civil e responder pelos destinos da gestão pública baiana nas próximas duas semanas. Vivemos a maior crise sanitária de nossa história dos últimos 100 anos, com a pandemia da Covid-19, então é preciso estar atento para uma série de decorrências e intercorrências deste período sombrio da nossa história, com negacionistas e terraplanistas atrapalhando ainda mais. Mas já pedi ao Senhor do Bonfim e à Santa Irmã Dulce que tudo transcorra em paz.

Como foi o alinhamento com o governador Rui Costa em relação aos atos do Executivo nos próximos dias?

Alinhamento total em ideias e, sobretudo, em lealdade. É uma substituição temporária, por força legal, em virtude da ausência simultânea do país do governador Rui Costa e do vice-governador João Leão. O povo da Bahia votou e confiou neles para gerir a máquina pública do nosso estado, portanto a legitimidade moral para definir políticas de governo é deles, e não será minha.

Quem assumirá a presidência da Assembleia interinamente? O ritmo dos trabalhos na Casa será o mesmo? Quais são as próximas votações previstas?

O primeiro vice-presidente, deputado Paulo Rangel, assume a chefia do Legislativo enquanto eu estiver no comando do Executivo. É um parlamentar de conduta ilibada, exemplar, e que conhece bem a engrenagem da Casa. Portanto, não haverá solução de continuidade também. Todas as votações estarão mantidas, assim como o funcionamento normal do parlamento baiano.

Recentemente, o deputado Marcelo Nilo, ex-presidente da Assembleia, comentou que o senhor é bem avaliado entre os colegas e seria "candidatíssimo" a reeleição para a presidência da Alba. É uma possibilidade?

“A cada dia, sua agonia” é um ditado que usamos muito lá em minha terra, Campo Formoso. É muito cedo para se falar o que só irá acontecer em fevereiro de 2023. E não é retórica, não: primeiro preciso me reeleger deputado e trabalhar muito para que o nosso grupo político seja vencedor, mais uma vez, nas eleições gerais de 2022. Só depois de redefinido o quadro político, com os 63 deputados eleitos para a próxima legislatura, é que vamos tratar da presidência da Alba. Volto a dizer: não é retórica, mas somente a pura imposição da realidade.

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