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27/03/2022 às 20:15 • Atualizada em 28/03/2022 às 10:07 | Autor: Osvaldo Lyra

ENTREVISTA / LEO PRATES

“A nossa obsessão foi sempre ser melhor que o privado"

Às vésperas de deixar A Secretaria de Saúde de Salvador, Leo Prates sai com a sensação de dever cumprido

Leo Prates está às vésperas de deixar o comando da Secretaria de Saúde de Salvador
Leo Prates está às vésperas de deixar o comando da Secretaria de Saúde de Salvador -

Às vésperas de deixar o comando da Secretaria de Saúde de Salvador, Leo Prates sai com a sensação de dever cumprido por todo trabalho realizado desde que assumiu a pasta, sobretudo, na pandemia. De acordo com ele, foi necessário transformar sua principal franqueza na sua maior fortaleza. “A nossa a obsessão foi sempre ser melhor que o privado“, disse Leo, ao citar dois legados que deixa na pasta: “tratar o Sistema Único sem partido e trazer a academia para fazer saúde, porque disso eles entendem muito”. Ao falar sobre política, destacou que “ACM Neto é a melhor para a Bahia” é que espera que “a saúde continue blindada em relação às diferenças políticas”. Confira:

Você está deixando a Prefeitura e retomando seu mandato na Assembleia. Mas antes de falar da sua incursão política, qual o principal avanço atingido por você aqui na Secretaria de Saúde, e o que você não fez e gostaria de ter feito?

Eu tive muitos legados aqui. Nós melhoramos os serviços de saúde em vários pontos. E a nossa a obsessão foi sempre ser melhor que o privado. Hoje eu desafio a qualquer um a fazer um chamado do SAMU... Hoje eu recebi um testemunho de uma senhora do NACPC, a gente estava ampliando o serviço de terapia ocupacional para crianças com autismo de lá, e a senhora deu um testemunho de que o SAMU chegou antes do que uma empresa de ambulância privada. Hoje nós temos mais de 15 bases descentralizadas, vamos anunciar mais uma ali na Paralela. Então não tem empresa privada de ambulância que seja melhor do que o SAMU de Salvador para o sistema de urgência e emergência. Então a nossa obsessão sempre foi ser melhor do que o privado. Nós conseguimos isso em várias áreas, mas em muitas ainda falta muito. Eu diria a você que meu principal legado... é o legado de comportamento e de filosofia, que eu espero que o próximo secretário e que a secretária Adélia mantenham, e que o ministro Queiroga mantenha também, que foi que a Secretaria de Saúde de Salvador nunca teve partido. O partido da Secretaria de Salvador foi o SUS. E nós viramos destaque nacional, o ex-prefeito ACM Neto e o governador Rui Costa, capa de uma revista nacional, justamente por esse trato. Então a Bahia deu exemplo ao Brasil, Salvador deu exemplo ao Brasil. E que o Sistema Único de Saúde eu acho que esse é o terceiro grande salto na democracia. É quando a vida das pessoas está em jogo, e quando a gente cuida de vidas não se pode ter partido. Eu posso te dar vários indicadores aqui, por exemplo: nós temos o melhor indicador de infestação da dengue nos últimos 20 anos. Nós temos o maior avanço na cobertura de atenção primária do Brasil nos últimos 9 anos. Nós temos o maior programa de residências, e eu agradeço também à Câmara Municipal que apoiou, do Brasil, inspirado inclusive, e aí eu tenho que reconhecer que eu soube olhar. Eu transformei minha fraqueza em minha maior fortaleza. Como eu não sou da área de saúde, eu soube olhar boas experiências no mundo, aqui no Brasil... Florianópolis tem a melhor escola de Saúde Pública do Brasil. E Neto me abriu as portas com sua força nacional, articulação. Então hoje nós temos, só de Medicina, 101 residentes médicos aqui em Salvador. Não são estudantes de medicina. São médicos residentes. E a gente vai ampliar. Agora mesmo eu estou indo para a Universo fazer mais um convênio com a universidade. A gente trouxe a academia para dentro da Secretaria e levou a Secretaria para dentro da academia. Porque eles que entendem de saúde. Por isso que eu disse que eu transformei minha maior fraqueza na minha maior fortaleza. Então eu diria que esses foram meus dois principais legados: tratar o Sistema Único sem partido e trazer a academia para fazer saúde, porque disso eles entendem muito.

Salvador deu vários exemplos ao país nesse processo de imunização da população contra a COVID. Como você avalia essa questão da vacinação e qual o diagnóstico das pessoas que ainda não completaram o esquema vacinal?

A gente deu exemplo porque, como eu disse a você na outra pergunta, eu transformei minha maior fraqueza na minha maior fortaleza. E eu me coloquei no meu lugar. Qual era o meu lugar? O meu lugar era de facilitar o trabalho dos profissionais de saúde. Eles que entendem de saúde, não eu. Então é botar remédio no posto, botar máscara, dar melhores condições de trabalho, é o posto estar em condições de trabalho, sem goteira, com ar-condicionado funcionando, com os instrumentos e equipamentos funcionando. E também pude trazer a minha experiência como engenheiro da logística. Nós criamos o drive-in no Brasil, o modelo de drive, na vacinação da gripe. Você se lembra. Na vacinação da gripe, no início da pandemia em 2020, porque todo mundo estava com medo, nós criamos esse modelo e acabou virando uma febre no Brasil. E nós também soubemos aproximar o serviço das pessoas. Nós, por exemplo, temos um ônibus indo aos vazios assistenciais. O que são os vazios assistenciais? A parte do território, nós temos quase 60% de cobertura hoje, saímos de 18% para 60%. Mas nós ainda faltamos 10-20% do território que necessita de posto de saúde. Então nós temos um ônibus que sai rodando, feiras móveis. Também temos a parceria com os políticos, nós aproveitamos o que os políticos têm de melhor, levar o serviço para próximo das pessoas. O resultado disso... Nós temos hoje indicadores de primeira e segunda dose melhores do que em países desenvolvidos. Nós temos 96% da população em primeira dose e 92% em segunda dose. Nós temos hoje melhores indicadores de crianças do que qualquer capital do Brasil. Nós temos quase 101%... Por que 101%? Porque Salvador está vacinando o interior. E aí eu quero destacar a liderança de Bruno Reis e de ACM Neto. Nós nunca olhamos a cidade de onde a pessoa veio, seja para vacinar, seja para cuidar. Nós abrimos o nosso sistema, os nossos recursos para cuidar da vida das pessoas independente de qual a origem da Bahia. Qual o indicador hoje que nos preocupa? É a terceira dose. Nós estamos com as equipes de saúde da família correndo atrás dessas pessoas, nós temos mais de 600 mil pessoas sem a terceira dose, nosso indicador é de 55%, e o ideal é ter 80%, esse é o indicador dos epidemiologistas. E isso preocupa bastante porque nós temos 30 países do mundo, eu quero deixar bem claro que a pandemia não passou, a dois pontos de preocupação da Organização Mundial de Saúde, e eu acho que, me permita, em um deles ela deveria agir com mais rigor. Um ponto que preocupa e os países ricos têm que entender que as desigualdades sociais estão se transformando em desigualdades vacinais, e isso está perpetuando a pandemia. Nós precisamos que os países mais ricos olhem para 30 países que têm menos de 15% da sua população vacinada. Isso pode gerar variantes e essa pandemia se estender, o que a gente não deseja. É muito fácil resolver. É o rico entender que não existe o pobre estar mal e ele estar bem. Então nós precisamos que os países ricos doem vacinas para esses 30 países pobres que necessitam avançar na sua imunização. O segundo ponto que preocupa é a alimentação de animais silvestres. A Organização Mundial de Saúde precisa criar pactos internacionais, eu inclusive fiz um artigo aqui no Jornal A Tarde ainda em 2020. Precisa criar pactos internacionais mais fortes no controle de países, nada contra a cultura de ninguém, mas no controle da alimentação de países que usam animais silvestres para se alimentar. Isso precisa ser olhado com atenção. Isso é uma observação de epidemiologistas que nós temos conversado, inclusive da rede que a Secretaria está fazendo do mundo todo.

O fim do controle de público em festas em eventos... A gente está aí com o “libera geral”. Vivemos uma ameaça de novos retrocessos ou não há essa expectativa por causa do avanço da vacinação e a fase que a gente está vivendo da pandemia?

A primeira coisa que nós precisamos entender é que essa pandemia nos ensinou também a viver o momento. Há esse momento, eu disse ao prefeito Bruno Reis e ele até contou isso em um discurso dele, que tudo na vida dele é com muita luta e muita dificuldade. Que ele se tornou prefeito, esse era um sonho que eu também tinha, mas que nesse momento eu não gostaria de estar no lugar dele, porque é um momento de muitas incertezas e muitas inseguranças. Nem dele e nem do governador Rui Costa. Porque no momento você não tem nenhum indicador de que seja necessário nenhum tipo de restrição. Se o governador e o prefeito quiserem tirar máscaras nesse momento em ambientes fechados e em ambientes abertos, eles podem retirar. Eu tenho um indicador de retransmissão que é o indicador mais importante, o fator de retransmissão, que está hoje em 0,23 na cidade. O fator de controle é até 1. Para você entender, o que é o fator de retransmissão? É uma pessoa estar contaminando quantas pessoas? Então está contaminando menos que uma, a pandemia está sob controle, e nós tivemos uma meta sempre desde a época do prefeito ACM Neto. Nós não podemos salvar as pessoas do coronavírus e matar de fome. Nós precisamos ver que nós somos uma cidade pobre, dois anos de pandemia, e eu concordo com a liberação de eventos, concordo com a liberação que foi feita pelo prefeito Bruno Reis e pelo governador Rui Costa. Eu pondero, apenas, eu vi hoje até um prefeito falando que vai liberar no início de abril, é uma decisão que é possível, como eu volto a dizer, o uso de máscaras. É possível sim, nós temos indicadores para isso, mas eu ponderaria mais parcimônia da sociedade. Eu não vejo a máscara como um problema, eu acho que o problema é nós termos todas as atividades econômicas e todos os setores funcionando para retomar os empregos dos pais e mães de família para que eles tenham o que colocar na mesa, e a gente salvar as pessoas do coronavírus. E aí você pergunta: Leo, qual o receio? Eu tenho dois receios nesse momento em relação à liberação do uso de máscaras. Historicamente antes da pandemia nós tínhamos... Volto a dizer: os indicadores desse momento e as decisões que o prefeito e o governador tomarem terão todo o meu apoio, porque o que eu estou fazendo aqui é mera especulação. Mas eu estou fazendo minha especulação em cima da história. Historicamente o mês de abril é o mês de maior avanço de síndromes respiratórias. Nós estamos começando em Salvador uma vacinação de gripe no dia 4 de abril. Na véspera do meu aniversário, que é dia 5 de abril. Já estou deixando o planejamento pronto para o meu sucessor também, as licitações estão prontas, a estrutura está pronta para a vacinação. Eu ponderaria e seguraria o mês de abril, porque o mês de abril é o pico histórico de síndromes respiratórias mesmo antes da pandemia. Então eu não acredito que com o alto índice de vacinações, nós teríamos uma alta de internações hospitalares, mas nós podemos ter um pico de atendimentos em UPAs e postos de saúde. Porque eu quero lembrar a você que quando nós liberamos os parques públicos nós tivemos uma alta de atendimentos pediátricos, porque as crianças voltaram a conviver, e estavam há um ano, dois anos sem convivência. As pessoas estão usando máscaras e eu quero lembrar que em 2020 e 2021 no Brasil tivemos os menores índices de atendimento de síndromes gripais, tirando o coronavírus, lógico. Por causa da utilização de máscaras. Então o meu receio é, pra resumir a minha resposta, que se retire as máscaras no pico de síndromes respiratórias, que isso gere uma alta de atendimentos, uma pressão grande sobre as UPAs e postos de saúde, e o tempo de atendimento e a qualidade de atendimento à saúde piorem na Bahia inteira. Volto a dizer: eu não acredito em um pico de internações hospitalares, mas acredito em um pico de atendimentos. Por exemplo: paciente buscando inalação. Eu, por exemplo, tenho rinite, sinusite. Você sem a máscara pode gerar uma série de problemas e transmissões de síndromes gripais, inclusive do próprio COVID, mas pela alta vacinação volto a dizer que eu não acredito em alta de internação hospitalar. Então eu teria um pouco mais de paciência, mas volto a dizer, nós temos indicadores e números para o prefeito e o governador tomarem a decisão que acharem mais conveniente e melhor.

Com a pandemia, muitas comorbidades deixaram de ser tratadas. Esse é um problema que preocupa hoje a saúde de Salvador? Ou qual o maior gargalo da saúde pública da cidade?

Eu acredito que é o que é u chamo de “sequelas do sistema de saúde pós-COVID”. Você vai ter que melhorar muito, e aí respondendo aquela sua pergunta de o que eu fiz e o que eu gostaria de ter feito. Eu fiz alguns avanços e um eu dividi com o governo do estado. Nós inauguramos o primeiro CAPS 24 horas de Salvador, ali em Jardim de Armação. O governo construiu e nós montamos a equipe. Nós estamos com a política de saúde mental na Câmara Municipal. Nós colocamos um novo serviço de saúde mental no multicentro da Carlos Gomes, mas nós ainda precisamos avançar muito na questão da saúde mental. Então você tem uma fila muito grande. Nós precisamos avançar muito ainda na saúde mental e esse vai ser um problema pós-COVID. Hoje nós estamos deixando um planejamento pronto e orçamento dado pelo prefeito Bruno Reis para transformar o CAPS Maria Celia da Rocha de CAPS II para CAPS III, ou seja, para transformar em um CAPS 24 horas, porque eu acho que essa questão da saúde mental vai ser um grande problema. Além disso, nós estamos preparando uma rede de leitos de urgência e emergência, porque o paciente que tinha sofrimento mental e não se tratou ele já vai chegar agravado. E nós estamos preparando as UPAS, já temos nas UPAS da Cidade Baixa, por exemplo, dois leitos de atendimento para leitos de urgência para atendimento psicológico. Então temos dois psiquiatras lá, e temos outra UPA que agora me falha a memória. Nós devemos ampliar de um CAPS II para III e devemos ter outra UPA com leitos psiquiátricos. Então eu acho que a saúde mental vai ser um grande desafio para o pós pandemia, que veio para enfrentar até a nossa própria cultura, nós somos a cultura do abraço, do beijo, do estar próximo. Então eu diria que a tendência dos próximos meses é a gente ver também um aumento considerável do que eu chamo de “sequelas da COVID no sistema de saúde”, um aumento na procura por exames e consultas.

Queria até aproveitar e fazer um apelo ao governo do estado para que termine de fechar o modelo de convênio ou de transferência de recursos, porque ficou acordado que o governo do estado vai pagar 40% do custeio e nós 60% do custeio das duas policlínicas, porque as duas estão com ressonância. Isso foi até um gesto meu e do prefeito ACM Neto, que atendemos o governador Rui Costa para colocar ressonância, e hoje nós estamos precisando de máquina de ressonância, então que o governo do estado acelere a entrega das policlínicas de Narandiba e de Escada, que já estão prontas, inclusive com as máquinas de ressonância ligadas, porque para você testar você tem que ligar e não pode mais desligar, e sem ninguém utilizar. Então a gente faz esse apelo ao governo do estado, porque a Bahia e a cidade de Salvador estão precisando desse serviço.

Vamos falar agora de política. Que cenário você desenha para 2022 e como você vê esse favoritismo do ex-prefeito ACM Neto?

Eu desenho um cenário... Eu espero que a saúde continue blindada em relação às diferenças políticas. Eu acho que o governador escolheu uma secretária que é técnica, é doutora em Saúde Pública. Eu acho que isso pode estreitar a relação. E eu espero que o prefeito Bruno Reis também escolha uma pessoa que esteja na gestão. Eu já disse a vocês o que eu considero adequado e dei de conselho ao prefeito Bruno Reis. Porque é muito difícil você pegar esse carro girando, a saúde é muito complicada, eu levei algum tempo para conhecer. E eu espero que a gente possa blindar da política ainda o trabalho na saúde, e depois eu espero um ano de 2022... E aí falando agora também como político, já que eu estou deixando a Secretaria na próxima quarta-feira, eu espero um ano de muita felicidade para nós e para os baianos, porque eu acho que ACM Neto mostrou uma capacidade de aglutinação na prefeitura de Salvador, soube administrar tanto com Rui Costa, quanto com Jaques Wagner, com Lula, com Dilma, com Temer, com agora Bolsonaro. Então eu acho que a Bahia merece um governador e precisa de um governador assim. E eu acho que ACM Neto também na sua pré-candidatura soube construir com muita inteligência invertendo a lógica da política. Qual a lógica da política? Sempre aqui na Bahia um candidato usava um candidato à presidência como muleta. ACM Neto inverteu a lógica. Ele tem 3 ou 4 candidatos a presidente que o apoiam para governador. Então eu acho que ganhe quem ganhar, ACM Neto está preparado para administrar, e, além disso, até mesmo a candidatura do Lula tem um partido que está na sua base e que nos apoia que é o Solidariedade, que apoia Lula, inclusive, filiou ontem a Marília Arraes que vai ser uma das candidatas do Lula em Pernambuco. Então eu entendo que a candidatura do ACM Neto é a melhor para a Bahia, por todas as características que eu considero adequadas para os baianos. Mas veja, essa é a minha opinião, eu não sou dono da verdade. Se ACM Neto tiver dois votos na Bahia, porque eu sei que um é dele, o segundo será o meu, tenha certeza disso.

Como você viu o rompimento do PP com o Partido dos Trabalhadores e o lançamento da candidatura de Leão à vaga ao Senado de ACM Neto?

Eu acho, e aí eu estou falando como uma pessoa que tem um profundo respeito pelo Partido dos Trabalhadores... Eu não acho que meus aliados têm todas as qualidades e nem que meus adversários têm todos os defeitos. Eu não vejo a política dessa forma, com esse maniqueísmo. Mas eu acho que o Partido dos Trabalhadores, eu não costumo analisar forma, mas eu militei ao lado do Partido dos Trabalhadores do PCdoB no movimento estudantil, convivi de perto com vários quadros. E eu não esperava a forma que o candidato foi escolhido. Apesar de eu ter uma boa relação pessoal com Jerônimo. Mas a forma de escolha eu não acho que foi uma forma adequada, e o que nós pregávamos enquanto movimento estudantil. Porque eu volto a dizer, eu tenho 43 anos e muitas das figuras que estão na proa hoje do projeto do PT foram pessoas que eu convivi. Eu não nego a ninguém. Eu tenho pessoas da minha família que são filiadas ao Partido dos Trabalhadores, eu aprendi dentro da minha casa o que é democracia de verdade. Eu tenho pessoas que eu amo de verdade, mas que pensam diferente de mim. É um direito delas. Mas eu acho que a forma não foi adequada. Eu vi a decisão do PP, eu me coloco e eu acho que empatia é você se colocar no lugar das pessoas, eu me coloco no lugar do PP, e no lugar do PP eu faria a mesma coisa. Porque tem uma coisa na vida que não pode faltar nunca: respeito. Eu nunca vou fazer nenhuma crítica, eu estou voltando à Assembleia para fazer oposição ao governo do governador Rui Costa, mas não minto a ninguém que criei uma excelente relação pessoal com ele nesses anos de convívio. Foram dois anos que quase toda semana nós nos falávamos, eu e o governador, inclusive criei uma boa relação com sua esposa, dona Aline. Eu tenho um profundo respeito. As minhas críticas que eu tiver que fazer sempre serão na política. Nunca serão no pessoal. Porque tenho boa relação com ele, mas também tenho meu projeto claro. Nunca faltou a mim falta de lado. Porque eu sempre procurei na política convergências, nunca divergências. Eu me dou bem com pessoas do grupo de Bolsonaro, por exemplo, me considero pessoa de relação próxima do Alexandre Aleluia, do Cezar Leite, que são pessoas próximas ao projeto do Bolsonaro, mas penso diferente deles. É um direito. Mas eles não precisam ser meus inimigos. Se eles me chamarem para tomar uma cerveja, bater uma bola, vou na maior tranquilidade. Porque eu acho que na política nós temos que procurar convergências, não temos que procurar divergências. Na hora do debate, a gente faz o debate com respeito, é isso que a gente precisa.

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