Bancada do PT abre representação contra gestão de Neto e Bruno Reis
Robinson Almeida (PT) comentou sobre contratos suspeitos da Prefeitura de Salvador com empreiteira
Uma representação no Ministério Público feita por cinco deputados estaduais do PT contra uma empreiteira, nesta quarta-feira, 6, foi o tema da entrevista do Isso É Bahia, na rádio A TARDE FM (103.9), com um destes parlamentares.
Robinson Almeida diz ter identificado, junto aos seus correligionários e colegas na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), que uma empreiteira é suspeita de favorecimento durante as gestões de ACM Neto (UB) e Bruno Reis (UB), com base na análise de contratos de fornecimento de equipamentos de mão de obra, requalificação da orla e obras na torre da Petrobras no Itaigara.
“O contexto é que há um triângulo que envolve uma construtora, a Prefeitura de Salvador e um personagem chamado Lucas Cardoso. Lucas Cardoso foi denunciado no âmbito da Lava Jato por um executivo da Odebrecht como sendo a pessoa que arrecadou recursos de caixa dois pra financiar a campanha do então candidato ACM Neto em 2012 a prefeito de Salvador”, disse Robinson Almeida, que alega que Lucas Cardoso assumiu o posto atual após a gestão de Neto, em 2021. “Lucas Cardoso agora foi revelado como proprietário, como sócio da empresa desde a construtora. E durante as duas gestões do prefeito ACM Neto a construtora teve contratos com a prefeitura de Salvador em torno de duzentos e setenta milhões de reais”, completou.
Entre os contratos citados pelo deputado do PT na entrevista, um deles seria com a Secretaria de Manutenção [Seman], para fornecer equipamentos de mão de obra, assinado em 2019 e renovado, segundo Almeida, sem licitação. “O contrato que era de R$ 30 milhões hoje já tem R$ 110 milhões em execução. E ele ainda é vigente na atual gestão de Bruno Reis”, acusou.
“O outro contrato sugere um direcionamento, que foi assinado pela Secretaria de Manutenção em 2019 para requalificar a orla de Salvador em um trecho entre Amaralina e a Pituba. Essa obra ainda não está 100% concluída”, disse o petista, que questiona não só a eventual renovação sem licitações em obras, mas o que ele enxergou como favorecimento diante de outros concorrentes.
“Nove empresas participaram da licitação [contrato para o trecho da orla entre Amaralina e Pituba] e sete foram desabilitadas. A construtora, que estranhamento mostrou o maior valor, foi assumida em um contrato que era de R$ 39 milhões, mas que já está em R$ 48 milhões, mais de 20% de acréscimo”.
O terceiro contrato questionado pela bancada é o que envolve a Petros, proprietária da torre da Petrobras no Itaigara. “Ela executou obras que a Prefeitura de Salvador exigiu para liberar o uso daquele prédio. Foi firmado um TAC [Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta] entre a Petros e a prefeitura. Estranhamente, a prefeitura indicou algumas empresas para que a Petros contratasse para liberar o uso do prédio, e a construtora foi novamente escolhida”, completou Robinson Almeida.
Além de Robinson Almeida, entraram com a representação os deputados estaduais do PT Bira Corôa Lula, Jacó Lula da Silva, Neusa Lula Cadore e Osni Cardoso Lula da Silva. “Eu sou da tese de que quem não deve não teme e esse motivo inclusive nos levou a entrar com essa representação, que foi a ausência de informação de interesse público por parte da prefeitura e de todos os questionamentos pelas matérias e publicações”, disse o entrevistado do Isso É Bahia desta quinta-feira ao questionar as gestões municipais de ACM Neto e Bruno Reis por não se posicionarem quando o assunto foi tocado em veículos de comunicação.
Também na entrevista, Robinson Almeida disse não precisar aguardar o retorno da representação para levantar algumas suspeitas. “As evidências são contundentes de que há prática de direcionamento e favorecimento a uma empresa em que o proprietário hoje, Lucas Cardoso, é amigo íntimo do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. Inclusive colocado por ele mesmo como responsável pela sua arrecadação financeira em 2012”, acusa.