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Festival Vermelho abre comemorações pelos 100 anos da Coluna Prestes

Evento conta com exposição e roda de conversa sobre o movimento

Publicado sábado, 23 de março de 2024 às 11:03 h | Atualizado em 23/03/2024, 11:29 | Autor: Flávia Requião
Reunião foi coordenado pela neta do ícone do movimento, Luís Carlos Prestes, a socióloga Ana Prestes
Reunião foi coordenado pela neta do ícone do movimento, Luís Carlos Prestes, a socióloga Ana Prestes -

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) realiza nos dias 22 e 23 de março em Salvador, o Festival Vermelho, um evento político e cultural que promove debates, reflexões e manifestações artísticas em prol da democracia e dos direitos sociais. Este ano, um dos focos é a reserva de um espaço especial para celebrar o centenário da Coluna Prestes.

Na sexta, o debate abriu em uma conversa sobre o centenário da Coluna Prestes, onde foi montada uma exposição e realizada uma roda de conversa.

A reunião foi coordenado pela neta do ícone do movimento, Luís Carlos Prestes, a socióloga Ana Prestes, que também é secretária nacional de Relações Internacionais do PCdoB. Participaram da atividade o escritor Renato Luiz Bandeira, autor do livro Coluna Prestes na Bahia, e o historiador Osvaldo Bertolino, que também pesquisa o tema.

Bandeira enalteceu a Coluna Prestes e destacou a relação com a Bahia. Para o escritor, o estado foi onde o movimento mais esteve presente, nos três anos que durou: foram três passagens, especialmente pela região da Chapada Diamantina. “Aqui, foram percorridas 750 léguas, o que equivale a 4.300 km. Uma coisa absurda”, disse.

Bandeira também apresentou dados levantados durante os estudos sobre as mortes ocorridas no estado, em razão do movimento, no período: uma média de 2,47 pessoas eram assassinadas por dia, durante a passagem do movimento na Bahia. que era atribuído injustamente ao grupo liderado por Prestes. “[Os adversários] faziam atrocidades e colocavam a culpa na Coluna Prestes”, completou.

A liderança e compreensão do Brasil de Luiz Carlos Prestes também foi destacada pelo autor. “Para ter um outro homem como Prestes só daqui a 100 anos”, cravou.

Legado

Osvaldo Bertolino aproveitou a oportunidade e defendeu os legados da Coluna. Para ele, o movimento teve relevante influência sobre os acontecimentos posteriores, até mesmo sobre a reorganização do Partido Comunista, ocorrida em 1962, além de ser o “epicentro dos avanços civilizatórios e sociais que tivemos”.

O Golpe de 2016 no País e tudo o que se seguiu depois, segundo Bertolino, representam uma afronta a toda a herança deixada pela Coluna ao povo brasileiro. “O golpe revoga a Coluna Prestes, ao revogar a legislação trabalhista, os direitos sociais. É a negação do avanço civilizatório”, completou.

Largada

O Festival Vermelho inaugura as celebrações pelo centenário da Coluna Prestes, o que foi celebrado por Ana Prestes. “Poder fazer a abertura da exposição dos 100 anos da Coluna Prestes na Bahia tem um significado muito forte, porque a Coluna passou por aqui três vezes e, de toda a extensão percorrida, grande parte foi aqui no estado. Pra gente é muito emocionante”, disse.

Ana Prestes ainda lembrou da avó, Maria, esposa de Luís Carlos Prestes, que foi fundamental na construção do material da exposição, iniciada há dez anos, nas comemorações dos 90 anos.

Programação

A Coluna Prestes, movimento liderado por Luiz Carlos Prestes e Miguel Costa, que percorreu mais de 25 mil quilômetros pelo Brasil entre 1925 e 1927 em protesto contra o regime oligárquico da Primeira República, completa cem anos em 2024. Para marcar essa data histórica, o Festival Vermelho preparou uma programação especial que inclui uma exposição temática e uma roda de conversa com a participação da secretária de Relações Internacionais do PCdoB, Ana Prestes, que também é neta do líder revolucionário Luiz Carlos Prestes e Maria Prestes.

A exposição, que estará aberta ao público durante os dois dias do festival, apresentará uma rica coleção de fotografias, documentos históricos e cartas dos integrantes da Coluna Prestes. Os visitantes terão a oportunidade de mergulhar na trajetória desse movimento revolucionário, compreendendo suas motivações, desafios e legado para a história do Brasil.

Além da exposição, está programada uma roda de conversa no dia 22 de março, na qual Ana Prestes compartilhará suas reflexões e experiências sobre a vida e o legado de seus avós, Luiz Carlos Prestes e Maria Prestes. Historiadora, cientista social e militante o PCdoB, Ana trará uma perspectiva única e intimista sobre a Coluna Prestes, destacando sua importância histórica e suas conexões com os desafios políticos contemporâneos.

“O PCdoB dá muito destaque à história do Brasil e à história da Coluna Prestes. E homenagear o centenário da Coluna Prestes é homenagear um ato heróico do povo brasileiro do início do século XX em contestação à pobreza, à miséria, à falta de acesso aos direitos básicos da população brasileira, educação, saúde, principalmente no interior. E graças também a esse movimento que faz parte do movimento tenentista é que a República Velha foi ruindo, foi se abrindo a passagem para uma nova república”, conta a historiadora.

Segundo Ana, a exposição no Festival Vermelho é o primeiro ato de comemoração do centenário da Coluna Prestes. Ana, que coordenará o debate, também receberá à mesa o professor baiano Renato Luiz Bandeira, o escritor Oswaldo Bertolino, membro da Fundação Maurício Grabois, e o diretor da Escola Nacional João Amazônia, Altair Freitas.

A exposição, após concluída atividade do Festival Vermelho, seguirá para a Câmara dos Deputados, em Brasília, em maio.

“Também nós vamos tentar levar para as Assembleias Legislativas, para escolas. Existem dois museus também, um em Palmas, que é o Memorial da Coluna Prestes, e um em Porto Alegre, que é o Memorial Luís Carlos Prestes, que tem uma vasta programação. São Paulo também. Há várias atividades, seminários, palestras, essa exposição vai rodar o Brasil. Tudo isso aí ao longo dos anos de 2024”, informou Ana.

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