Ida à China traz novo patamar tecnológico para a Bahia, diz Joazeiro

Presente na comitiva do governo baiano que foi à China, o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), André Joazeiro, avalia como positiva a ida ao país asiático pelos acordos firmados entre o governo estadual e empresas com atuação na área tecnológica. Segundo Joazeiro, a sua ida na comitiva do governador foi pautada em dois focos: as smart cities (cidades inteligentes) e os governos inteligentes.

Sobre o primeiro tópico, o secretário aponta as reuniões e visitas feitas as empresas como a Aviation Industry Corporation of China (AVIC), maior construtora de aeroportos e portos do país e a segunda maior do mundo no setor; a Dahua Technology, especialista em equipamentos de segurança que promovem uma comunicação policial eficiente, além de monitoramento aéreo com reconhecimento facial; e a Huawei, empresa de tecnologia de informação que já é parceira da Bahia.

“Cada uma delas tem um perfil diferente de atuação na área de cidades inteligentes. O Conecta Bahia já é feito com equipamentos da Huawei. Com eles assinamos um documento de cooperação técnica e vamos montar um grupo de trabalho para ar seguimento a essa agenda, com a Dahua firmamos um compromisso de eles montarem um grupo de pesquisa e desenvolvimento no Parque Tecnológico da Bahia para atuar junto com universidades, ICTs [Institutos de Ciência e Tecnologias] e startups baianas”, destaca o secretário.

À AVIC, de acordo com André Joazeiro, foram apresentados dois projetos desenvolvidos na Bahia. Um é a smart city de Entre Rios, chamada de “Aguaduna”, fruto do investimento de um grupo espanhol em uma área de 9 milhões de m² no município baiano. “Eles [os chineses] se interessaram pelo projeto e devem fazer parceria com o grupo espanhol e devem montar um parque tecnológico de cidades inteligentes, onde serão testadas as nossas tecnologias para difundir nas cidades do interior a partir desse campo de prova aberto e real. Lá poderá ser testado uma sinaleira inteligente, por exemplo, se estiver tudo bem, expandir para os 417 municípios da Bahia. Será um espaço para testar carros elétricos, carros autônomos, enfim, dá para testar tudo em ambiente real”, projeta.

O titular da Secti conta ainda que a previsão com a volta do governador Jerônimo Rodrigues (PT) a Bahia nesta segunda-feira, 17, é de que haja uma reunião com o secretariado para se montar um grupo de trabalho e dar continuidade aos compromissos feitos na China. “O acordo com a AVIC e com a Dahua, estamos na dependência dos trabalhos desse GT a ser criado. Com a Huawei, como já tínhamos conversas adiantadas, já assinamos o documento da parceira”.

No que tange ao foco do “governo inteligente”, que busca soluções tecnológicas e inovadoras para as ações governamentais, Joazeiro aponta que tirando a parte de Segurança Pública, que estará mais pautada na interação entre o governo baiano e a Dahua, a Huawei deverá ser a protagosnista com soluções de governo, inteligência artificial associada aos processos internos e ao serviço ao cidadão.

“Aí vai desde o Conecta Bahia que, além da sua infraestrutura, tudo que o Conecta Bahia pode levar ao cidadão, como a telemedicina para um distrito no interior da Bahia para que a pessoa não tenha que se deslocar para a sede do município para poder fazer uma consulta médica básica. Pode fazer, por exemplo, se precisar fazer uma cirurgia, ter a triagem no seu distrito e consulta anestésica pela telemedicina e o paciente só precisa ir a cidade só para fazer a consulta pré-cirúrgica, volta para casa e, no outro dia, vai fazer a cirurgia. Isso tudo com wi-fi livre no seu distrito”, destaca.

O secretário aponta ainda as possibilidades trazidas da viagem internacional no que se refere à transição energética que, de acordo com ele, foi o maior projeto assinado na viagem no tocante à pasta que comanda. “É um investimento da Acelen que vai girar em torno de R$ 1,5 bilhão de investimento só na pesquisa. São R$12 bilhões no projeto, mas com essa quantia separada só para a pesquisa. Esse é o maior projeto de pesquisa feito na história da Bahia e é o maior investimento de pesquisa em energia na Bahia. É grandioso”.

Joazeiro se refere a um plano de investimentos com memorando de entendimentos entre o Governo da Bahia e a empresa Acelen assinado no sábado, 15, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, pelo governador e Khaldoon Al Mubarak, CEO do Mubadala Investment Company, fundo de investimentos controlador da empresa.

Ao longo do projeto, que prevê investimentos de R$ 12 bilhões nos próximos dez anos, a expectativa é produzir 1 bilhão de litros de combustíveis renováveis por ano. Com a iniciativa, a empresa se tornará um dos líderes mundiais neste segmento a partir de culturas agrícolas de alta energia, desde o plantio das sementes até a produção dos combustíveis renováveis. A principal aposta será em diesel renovável e querosene de aviação sustentável, produzidos por meio do hidrotratamento de óleos vegetais e gordura animal. A previsão é que a empresa inicie a produção no primeiro trimestre de 2026.

Sobre o saldo da viagem, André Joazeiro diz que não pode ser outro que não seja positivo. “Quando você volta para casa trazendo na mala o maior projeto de pesquisa que a Bahia já viu na história, eu não posso fazer uma avaliação menos do que positiva. Foi extraordinário. Em função desse investimento, nós estamos montando um parque tecnológico de 50 hectares junto com a Cimatec em Camaçari para trabalhar a questão da transição energética. Só por conta desse projeto, já estamos negociando com três empresas o investimento de cerca de R$ 200 milhões em pesquisa. Ou seja, é uma âncora muito forte, que vai atrair cada vez mais outras empresas”, comemora o titular da Secti.