ELEIÇÕES
Na Bahia, PSOL e Rede dialogam por federação partidária
Novidade para as eleições de 2022, a federação tem diferenças para a coligação e sua abrangência é nacional
Por Lucas Franco
A nove meses das eleições 2022, muitos partidos políticos levam para os estados as discussões dos planos nacionais para construir uma federação partidária, conceito que será inaugurado neste pleito. O avanço das negociações entre o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e a Rede Sustentabilidade seguem em todos os estados e na Bahia não é diferente. “Estou aguardando a decisão a nível nacional. No município, estou aberta para construir o diálogo, aqui com o PSOL em nossa base”, disse a vice-prefeita de Conceição de Feira, Marlene do Sindicato (Rede).
Nesta segunda-feira, 17, uma reunião entre lideranças dos dois partidos já apontava convergência na maioria dos estados, com diferenças em Minas e Pará que, segundo as próprias lideranças partidárias, eram “pontuais” e “contornáveis”. A regra, e não as exceções, vale para o contexto baiano. “PSOL e Rede na Bahia têm muitas aproximações políticas. Ambos buscamos uma via alternativa, entre a direita carlista ou bolsonarista e o social-liberalismo do governador Rui Costa do PT”, apontou a presidenta do PSOL Bahia, Elze Fachinetti. Nos estados em que PSOL e Rede tem diferentes posições, há interesse da Rede em apoiar o pré-candidato Alexandre Kalil (PSD) ao Governo de Minas, que é rechaçado pelo PSOL, enquanto a Rede faz parte do governo de Helder Barbalho (MDB), no Pará, do qual o PSOL é oposição.
Uma das três vereadoras de um mandato coletivo na Câmara Municipal de Salvador, Laina Crisóstomo (PSOL) enxerga que as diferenças entre os dois partidos não são grandes o suficiente para impedir que ambos se unam, também tendo como horizonte o enfrentamento da cláusula de barreira, tema que preocupa partidos com pouca representação em casas legislativas. “Internamente tem se debatido isso no PSOL em todos os estados, porque é um processo delicado fechar essa federação. Mas tem sido feito um debate interno muito cuidadoso nesse sentido”. O PSOL tem um representante na Assembleia Legislativa da Bahia, Hilton Coelho, uma cadeira na Câmara Municipal da capital baiana, ocupada pelo mandato coletivo, além de seis mandatos de vereador no interior do estado, mas não conta com prefeitos e vice-prefeitos em cidades baianas. A Rede não tem, atualmente, representação nos legislativos estadual, mas conta com 21 vereadores pelo estado, nenhum deles em Salvador, além de dois prefeitos e três vice-prefeitos.
A outra vereadora do mandato coletivo do PSOL, Cleide Coutinho, enxerga avanço na construção da federação, mas não nega impacto que a decisão pode ter internamente no partido. “Pela primeira vez a gente vai precisar escolher quem são os nossos candidatos à proporcional. Isso acaba tendo um choque dentro do partido, mas eu acredito que há um avanço externamente muito grande e eu acho que o caminho é esse”.
Porta-voz estadual da Rede Sustentabilidade na Bahia, Iaraci Dias confirma a aproximação entre seu partido e a direção estadual e tendências do PSOL, embora não negue também futuras aproximações com outros partidos. “O momento político que estamos vivenciando não nos permite que nos acomodemos com o já conhecido, com o mais praticado, com o que se convencionou reconhecer como prática política tradicional”.
Assim como Iaraci, o coordenador estadual de movimentos sociais da Rede, Law Araújo, também enxerga na soma com forças do campo progressista uma saída para derrotar o campo político representado atualmente pelo bolsonarismo. “O que se tem à nível nacional são diálogos [entre Rede e PSOL], mas nada fechado. O momento ainda é de conversar, mapear cenários, porque a própria federação é algo novo”. O instituto de federações partidárias foi regulamentado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dezembro do ano passado. Diferente das coligações, as federações precisam ser a nível nacional, têm validade mínima de quatro anos e valem para as eleições proporcionais, ou seja, de deputado estadual e federal.
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