EM SALVADOR
"Petrobras deu autossuficiência ao Brasil", afirma José Dirceu
Ex-ministro da Casa Civil ressalta que a valorização da estatal retoma a soberania energética do Brasil
Por Da Redação
O ex-ministro José Dirceu, que comandou a Casa Civil do governo Lula (PT), entre os anos de 2003 a 2005, desembarcou na capital baiana para cumprir uma série de agenda política. Na tarde desta segunda-feira, 3, o político participou de um encontro com petroleiros e relembrou o processo de industrialização no Brasil, iniciado no governo Getúlio Vargas (1930-1945).
“É uma virada histórica. Retomar o fio da história, que vem da década de 1950, quando o segundo governo Vargas, governo democrático, eleito pelo povo, consolidou a criação da Petrobras, criou a Eletrobras, o Banco Nacional de Desenvolvimento, a Sudoc, que viria a ser o Banco Central depois e Vale do Rio Doce. Criou as bases para o Brasil industrializado”, iniciou Dirceu, em entrevista à imprensa, no Real Classic Bahia Hotel, em Salvador.
“Foi uma batalha muito longa do nosso povo pela industrialização porque na década de 1920, o agrarismo, a aristocracia rural dizia que o Brasil por não ser branco jamais seria um país industrial e o Getúlio para entrar na guerra exigiu o aço e a energia”, complementou.
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Durante o bate-papo com os jornalistas, Dirceu ainda rememorou a atuação da Petrobras no país, antes da onda de privatização das empresas, instalada no governo Jair Bolsonaro (PL). Segundo o ex-ministro da Casa Civil, a estatal é responsável por colocar o país em uma posição de soberania.
“A Petrobras se consolida como uma empresa que deu ao Brasil autossuficiência, que no mundo de hoje é essencial. Veja o que a Europa está passando por não ter autossuficiência energética. A Petrobras do nosso Plano Nacional de Hidroelétricas, depois o etanol, as refinarias, as termoelétricas a gás ou a óleo e agora a transição eólica, solar, com hidrogênio verde deram ao Brasil, uma soberania energética é a base para um país hoje sobreviver neste mundo que está em transformação. A Petrobras volta a ser uma empresa de energia, não só uma empresa produtora de petróleo. Mas, verticalizada. Ela foi desconstituída, basta ver a privatização da BR, da Transpetro, o abandono do programa de fertilizante”, elucidou.
Com a promessa de voltar a ser o vetor econômico do país, a Petrobras vem retomando o seu espaço no mercado brasileiro, graças ao terceiro mandato do governo Lula (PT). Entre as prioridades da gestão, está a intensificação da produção de óleo e gás, assim como a de fertilizantes.
“A Petrobras voltando, volta também a Petrobras verde do combustível e a Petrobras da transmissão energética. Então, a política aqui, por exemplo, conduzida agora no seu terceiro governo é essa. Vamos retomar o fim da história e a Petrobrás ser um motor, a vanguarda e o desenvolvimento agora sustentável e com novas fontes de energia que são energias renováveis”, emendou.
Questionado sobre a possibilidade da Petrobras retomar o comando da refinaria Mataripe, Dirceu enfatizou que não está acompanhando as discussões sobre o tema, mas afirmou que não enxerga a privatização da refinaria como um “grande problema” e defendeu a instalação da indústria de refino no país.
“Pelo o que eu tenho lido porque não estou acompanhando isso de perto, há uma série de conversações com o grupo Emirates Mubadala com essa refinaria. Eu acho que o problema de uma refinaria não ser estatal ou ser privada, não é o problema. Se ela está integrada dentro de uma política nacional. O que não pode é você refinar menos. Se não, no mundo de hoje, se tiver uma guerra, quem vai vender gasolina para nós? Combustível? Nós vamos vender petróleo para quem? Então, o Brasil precisa ser autossuficiente e verticalizar a indústria. Dizer que não somos capazes de fazê-lo em condição de competitividade. O Brasil tem condições de ter uma indústria de refino”, concluiu.
José Dirceu participou, no período da tarde, do debate sobre a construção social e institucional por uma democracia inclusiva e transição energética justa, promovido pelo coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
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