ENTREVISTA
José Dirceu defende atuação de Rui Costa na Casa Civil: “Positiva”
Ex-ministro da Casa Civil afirmou que o baiano tem sido cobrado por algo que não é de sua atribuição
Por Lula Bonfim e Vinícius Portugal
Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE na manhã desta segunda-feira, 3, o ex-ministro José Dirceu (PT), que comandou a Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre 2003 e 2005, defendeu a atuação do atual ocupante do posto, o baiano Rui Costa (PT).
De acordo com Dirceu, Rui cumpre bem a função de coordenar do governo e tem sido cobrado em Brasília por um problema que não é de sua atribuição: a articulação política, hoje sob a batuta do ministro Alexandre Padilha (PT), da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
“A pergunta é: qual Casa Civil o presidente Lula quer? Eu já discuti isso com ele no passado. O perfil da Casa Civil que o presidente quer é o perfil do ministro Rui Costa, que entregou, e bem, o que foi proposto, que é o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. O ministro Rui Costa não é um ministro político, não é articulador político do governo. Ele é ministro da Casa Civil, tem que coordenar o governo”, comentou José Dirceu ao Portal A TARDE.
“Ele tem coordenado o governo e eu não vejo razão para críticas a ele”, complementou o ex-ministro.
Perguntado sobre como avaliava o trabalho de Rui nesses primeiros 17 meses de mandato, José Dirceu foi direto ao elogiar a atuação do petista baiano.
“Eu faço uma avaliação positiva da gestão do Rui Costa, porque é o papel que o presidente entendeu que devia ser o papel dele. Nós não podemos cobrar dele aquilo que não é atribuição dele [articulação política]”, afirmou.
Dirceu lembrou que, quando era ministro, a Casa Civil possuía a função de realizar também articulação política, o que poderia estar contribuindo com a confusão na avaliação feita de Rui Costa no atual ministério. Ao mesmo tempo, ele comentou que é responsabilidade do presidente Lula dirimir as divergências ocorridas entre os integrantes do governo.
“A concepção de Casa Civil que o presidente quer é a de uma Casa Civil de governo, técnica, e não política. Não podemos cobrar aquilo que não é atribuição de Rui Costa. Agora, a relação entre o ministro Rui Costa e o ministro Padilha, o presidente, e o conjunto de ministros mais importantes, é uma questão da coordenação do presidente. Ele tomou a decisão de voltar a fazer reuniões do conselho político na segunda-feira, pelo que eu vi na imprensa”, sinalizou Dirceu.
“Divergências em governo surgem entre os ministros. Disputas políticas surgem e o árbitro é o presidente. Nós, quando governamos no primeiro mandato do presidente Lula, por delegação dele, muitos de nós tínhamos discussões às vezes ásperas, duras, na coordenação do governo ou no conselho político. Ou às vezes no Palácio da Alvorada, quando o presidente nos convidava para ir discutir certos problemas. Mas sempre a decisão cabe a ele”, acrescentou o ex-ministro.
Líder histórico do PT e conhecido por ser um dos principais articuladores que o partido já teve, Dirceu reconheceu que o partido vive momentos difíceis em sua relação com o Congresso e apontou que talvez Lula precise realizar mudanças em seu governo.
“Há problemas no governo de coordenação política? Claro que há. Mas quem é senhor do tempo e dessa decisão é o presidente Lula. Ele tem que fazer uma avaliação do que aconteceu semana passada. O governo já deu entrevista, a presidente [nacional do PT] Gleisi [Hoffmann] já deu entrevista e o presidente tem que decidir se ele quer fazer mudanças”, opinou Dirceu ao Portal A TARDE.
Para o ex-ministro, o mais importante é que o governo Lula não perca o foco, que é gerar crescimento econômico associado à inclusão social. O segredo, segundo ele, seria continuar apostando nos programas já lançados pela gestão federal.
“Eu tenho uma opinião, de que nós não podemos perder o foco. Nosso foco é o Brasil, é crescimento econômico, é distribuição de renda, é fazer o Brasil crescer. O foco nosso são essas políticas que o presidente já apresentou ao país, nas quais o ministro Rui Costa tem uma participação importante: o PAC, a Nova Indústria Brasil e o programa de transição energética, que o ministro Haddad apresentou, já que vamos sediar ao COP30 aqui”, defendeu.
“O ministro Haddad, o ministro Rui Costa, o presidente do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] Aloizio Mercadante e o ministro Geraldo Alckmin. Nós temos aí um quarteto que pode focar o governo nisso e buscar alianças no empresariado, investimento externo e agora vai ter uma discussão com a China sobre a nova rota da seda. É muito importante. O Brasil precisa de uma revolução na sua infraestrutura, como precisa também de uma revolução educacional e tecnológica”, concluiu José Dirceu.
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