CULTURA
Reforma visa modernizar e democratizar o TCA, diz Bruno Monteiro
Secretário estadual da Cultura revela detalhes do projeto de reforma do Teatro Castro Alves
O Teatro Castro Alves, enfim, passará pela esperada reforma. Através do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e do secretário estadual da Cultura, Bruno Monteiro, o governo do estado lançou no último domingo, 5, uma licitação para as obras, que devem custar R$ 151 milhões aos cofres públicos.
Em visita ao Grupo A TARDE nesta quarta-feira, 8, Bruno Monteiro conversou com o presidente da empresa, João de Mello Leitão, e com o diretor de Relações Institucionais, Luciano Neves, para quem revelou detalhes do projeto e destacou os principais eixos da reforma, que visam modernizar e democratizar o TCA.
Para o secretário estadual, o teatro mais importante da Bahia já carecia há alguns anos de adaptações, para conseguir se adequar às grandes apresentações artísticas do mundo contemporâneo. Segundo ele, a obra já era prevista por gestões anteriores, mas acabou sendo atrasada pela pandemia.
“Um equipamento como esse, com toda a tecnologia, precisa estar sempre adaptado. Ele só vai continuar sendo um atrativo para o público, mas também para os artistas, se ele tiver equipamentos, condição acústica, condição de iluminação, que mostrem que ele é um equipamento atualizado”, avaliou o titular da Cultura.
De acordo com Bruno Monteiro, em uma certa oportunidade, Salvador deixou de receber uma apresentação do Cirque du Soleil, porque o TCA não tinha os equipamentos com a capacidade necessária para atender à logística do grupo.
“O Cirque du Soleil projetou fazer uma apresentação no TCA. Só que as varas cênicas do TCA, que são aquelas que erguem e baixam o cenário, têm uma capacidade de 250 kg. O Cirque du Soleil precisava das varas no mínimo de meia tonelada. Ou seja: o dobro. Então a gente perdeu a oportunidade de ter uma apresentação do Cirque du Soleil, com toda a sua grandiosidade, por uma limitação técnica”, revelou Monteiro.
Outro foco do governo do estado, segundo o secretário, é tornar o Teatro Castro Alves mais acessível à população, não apenas com ingressos mais baratos, mas também facilitando que grupos artísticos de menor expressão comercial também possam se apresentar no equipamento público.
“Tem essa modernização, essa atualização técnica, acústica, tecnológica, de acessibilidade. Essa é uma das premissas. Mas a outra — eu citei isso no meu discurso no domingo e, para nós, ela é muito cara — é tornar o equipamento também mais democrático. E, quando eu falo mais democrático, não é só uma lógica ‘ah, o ingresso para os espetáculos vão ser mais baratos’. Vamos perseguir esse caminho, mas é mais democrático do ponto de vista de aquele complexo ser apropriado também pelo conjunto da população”, disse o secretário.
Novo espaço
Voltado para o lado da democratização do TCA, Bruno Monteiro contou que um novo espaço será disponibilizado para apresentações de pequenos grupos artísticos. O atual guarda-roupas do teatro, onde os figurinos são armazenados, será transformado, para também receber espetáculos.
“Nós vamos ter um novo espaço ali, que hoje é o nosso guarda-roupas, que é grande, onde estão todos os nossos figurinos. Aquele espaço vai ser um novo espaço de espetáculos, uma nova sala de espetáculos, para pequenos espetáculos, para ensaios, para oficinas. E o que a gente quer com isso? Não quero só grupos consagrados lá dentro. Eu quero também que grupos de teatros das escolas, que grupos de teatros menores também tenham essa possibilidade de viver [o TCA]”, afirmou Monteiro.
O titular da Secretaria Estadual da Cultura (Secult) ainda apontou que mais espaços nos 13 andares do TCA devem ser aproveitados para a realização de apresentações. O jardim suspenso na parte superior do equipamento, por exemplo, é uma das opções pensadas.
“Nós temos oito andares para baixo e quatro para cima. Então aquilo é uma infinidade. Eu quero muito abrir a possibilidade, depois dessa reforma, de esse espaço, de fato, ser um espaço para a realização de fazeres culturais e de sonhos, por que não dizer de outros grupos, de outras pessoas”, sinalizou.
Não vai parar
O pré-projeto entregue pelo governo da Bahia no último domingo aponta que, durante o período de obras no TCA, o equipamento seguirá recebendo apresentações. A Concha Acústica, que é um anexo, seguirá funcionando 100%, enquanto a Sala do Coro deve ficar aberta na maior parte do tempo. Ambos os espaços já passaram por reformas nos últimos anos.
Para manter o espaço com seu dinamismo, a intenção é fazer a obra em etapas. Na entrevista ao Portal A TARDE nesta quarta, Bruno Monteiro sinalizou que, no caso do foyer — salão de entrada do teatro que hoje recebe a exposição dos 35 anos do Balé Folclórico —, a ideia é reformá-lo rapidamente, liberando-o assim para apresentações.
“Outro projeto que nós estamos estudando é uma itinerância do TCA. Levar projetos que acontecem no TCA para rodar o estado durante esse período, para muitas pessoas que nunca tiveram contato com o TCA, e com o que é produzido nele, terem esse contato pela primeira vez. E a gente sabe que isso pode ser um gatilho para depois as pessoas quererem conhecer o teatro, se sentirem convidadas”, explicou Monteiro.
Já a Sala Principal, por outro lado, deve ficar parada até o término da reforma. Segundo o secretário da Cultura, o mais tradicional espaço do TCA deve ser entregue apenas no primeiro semestre de 2026.
“O cronograma apresentado informa que, para a Sala Principal, a previsão de entrega é maio de 2026. São 24 meses de obra. Nós lançamos agora em novembro o edital da licitação. O processo da licitação acontece de dezembro a fevereiro, com todos os processos de inscrição, de seleção, de recurso, de anunciar o vencedor. Entre março e maio, a empresa vencedora da licitação faz o projeto. Nós temos um pré-projeto, então a empresa que ganhar vai fazer o projeto. E em junho começa a obra física”, justificou Bruno Monteiro.
Mas não se encerra por aí. Além do edital de R$ 151 milhões lançado no domingo, o governo da Bahia deve investir outra quantia milionária no final de 2024, para a compra de novos equipamentos para o TCA.
“Esse primeiro edital, lançado no domingo, é de R$ 151 milhões para a obra física, a obra civil, toda a parte estrutural. No ano que vem, no final do ano, nós lançamos um novo edital, uma nova licitação de R$ 92 milhões para a equipagem, que é toda essa parte de cenografia, de iluminação, de varas cênicas, de tudo. Isso começa a correr concomitantemente. Quando a obra civil já estiver com um ano, provavelmente, entra essa parte de equipagem, e as duas terminam juntas no primeiro semestre de 2026”, concluiu o secretário.
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