PRESENTE DAS ARÁBIAS
Sheik ligado ao Grupo City doa mudas de árvore sagrada à Bahia
Plantas precisarão passar por quarentena na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Por Lucas Franco, Eduardo Dias e Flávia Requião
Comum e de grande importância socioeconômica para muitos países do norte da África, do Oriente Médio e da Ásia Oriental, a tamareira é uma palmeira que corresponde a uma das mais antigas árvores frutíferas associadas ao estabelecimento humano, conforme definição da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ela produz frutos comestíveis altamente nutritivos: a tâmara, considerada sagrada em terras árabes.
Por ter grande valor para o povo árabe, pois é utilizada frequentemente no pós-jejum, o governo dos Emirados Árabes demonstrou interesse no cultivo da planta no Brasil, especialmente na região semiárida da Bahia, de acordo com apuração do Portal A TARDE.
O acordo de cooperação ocorreu durante a passagem do governador Jerônimo Rodrigues (PT) ao país, em março, onde lhe foi ofertado pela alta cúpula emiradense uma quantidade de mudas da tamareira, de 2 metros de altura cada. No entanto, até então, as mudas ainda não chegaram à Bahia.
Em março, Jerônimo, o presidente Lula e uma comitiva brasileira se encontraram com os xeiques Zayed bin Sultan Al Nahyan e Mansour bin Zayed Al Nahyan, nos Emirados Árabes, donos do conglomerado City Football Group, que recentemente comprou o próprio Bahia.
O Portal A TARDE apurou ainda que as mudas, quando chegarem, precisarão passar por uma quarentena de seis meses na sede da Embrapa, em Brasília, para avaliação de riscos relacionadas à doenças e pragas. Após isso, elas serão destinadas ao Governo da Bahia que enviará as plantas para as cidades da região semiárida do estado.
Em conversa exclusiva com o Portal A TARDE nesta quinta-feira, 9, o governador Jerônimo Rodrigues confirmou o interesse dos Emirados no plantio e cultivo de tâmaras no estado.
“Na reunião com os Emirados Árabes eles detectaram que o nosso semiárido tinha um forte potencial de produzir a tâmara, que é utilizado por eles no pós-jejum, onde usam muita fibra e carboidratos. E a tâmara tem esse potencial, mas ela só produz depois de 20, 30 anos. A expectativa deles é que a gente pudesse trazer uma quantidade, experimentar e, caso dê certo, a gente importar mudas já adultas para ganhar tempo na produção e assim eles terem na Bahia, no semiárido, produção de tâmaras. É uma fruta cara no sentido de mercado para eles. Nós temos pouco consumo, a não ser no período natalino, algumas famílias que consomem, mas no comum, no dia a dia, a gente não usa”, afirmou o governador.
Segundo um estudo publicado pela Embrapa em 2012, sobre a caracterização morfológica de tamareiras, a planta apresenta ótima adaptabilidade à região dos trópicos e particularidades como: bom desenvolvimento em terrenos arenosos, salinizados e alta luminosidade. As plantas podem medir de 4 a 30 metros na fase adulta.
“Combinamos com a Embrapa, que nos ofereceria um local de passagem dessas mudas ficarem um tempo para avaliar qualquer risco de doenças e pragas. Estamos aguardando para ver quais são os próximos passos. Mas a intenção é de que na Embrapa mesmo a gente faça esse período necessário [quarentena]”, completou Jerônimo.
Também em conversa com A TARDE, o diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Paulo Sérgio Luz, declarou que, apesar de passados sete meses, as tratativas sobre o envio das mudas ainda estão em fase inicial.
“A gente está ainda numa fase inicial porque tem todo um trabalho de defesa sanitária antes da entrega das mudas. Essas mudas ainda não vieram dos Emirados, elas vão vir conforme conversado entre os Emirados e o nosso governador Jerônimo Rodrigues, quando chegarem aqui vão diretamente para a Embrapa de Brasília. Se por acaso elas estiverem livres de qualquer tipo de praga, de qualquer doença que venha a contaminar as nossas plantas aqui, aí sim é que elas vão ser liberadas. Então são etapas, que têm que ser cumpridas”, afirmou o diretor do órgão estadual.
“São plantas com dois metros de altura e a gente quer que elas venham, mas que não venham trazendo nenhum tipo de problema para a gente. Então, assim que chegar, elas vão ficar ainda seis meses. Aí depois, nesse período, a gente vai avaliar para onde elas irão. Certamente, vão ser para os municípios mais secos do nosso estado, porque as tâmaras, como sabendo, são plantas culturais de deserto e então nada mais normal, lógico, razoável, que a gente escolha as regiões mais secas da Bahia para receber essas tamareiras”, completou.
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