ENTREVISTA
“Turismo é solução para violência nos centros históricos”, diz Freixo
Presidente da Embratur visita Salvador e fala sobre importância de Salvador para o afroturismo
Por Lula Bonfim
O presidente da Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), Marcelo Freixo (PT), vê o turismo como parte fundamental de um processo de solução dos problemas do Brasil. Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, ele comentou que a violência no país não impede a chegada de turistas e, na verdade, o avanço turístico pode ser parte da solução para a questão da segurança pública nos centros históricos das grandes cidades.
“O turismo não só não é impedido pela violência, como ele, na verdade, pode representar uma solução. Tanto para esses centros urbanos, esses centros históricos, como também para o problema da violência. A violência não é só um problema de polícia, nunca foi, e isso eu falo há 30 anos. Falo com muita tranquilidade agora, porque eu falo isso a minha vida inteira”, avaliou o petista.
Segundo Freixo, um dos principais eixos abordados pela Embratur sob sua gestão é o afroturismo, do qual Salvador deve servir como ponto de partida, devido à relação da cidade com a herança cultural vinda do continente africano.
“O afroturismo, evidentemente, fala muito com o Salvador, porque é uma cidade que respira o afroturismo o tempo todo, é a cidade com o maior número de negros fora da África no mundo. Mas você tem o Rio de Janeiro, com a Pequena África, com todas as histórias que cercam a cidade do Rio de Janeiro; você tem Maranhão, com os seus quilombos; você tem Minas Gerais, com uma história muito forte no século XVIII; e você tem outros pontos”, enumerou Freixo.
Confira abaixo a entrevista completa com o presidente da Embratur, que participou do primeiro dia da Expo Carnaval 2023, realizada nesta sexta-feira, 24, em Salvador.
A Embratur se encaminha para completar 11 meses sob seu comando. O que mudou nesse período? Qual foi o eixo central do seu trabalho à frente da agência?
A gente assume a Empresa Brasileira de Promoção do Turismo Internacional, responsável pela imagem do Brasil, no momento onde o Brasil muda. Não só a Embratur. O presidente Lula, quando assume, quando afirma que o Brasil voltou e cria toda uma política internacional, como líder importante nesse cenário mundial, nos ajuda nessa recolocação do Brasil diante do mundo. Voltou esse Brasil do diálogo, da democracia, das relações internacionais, de um presidente que é reconhecido assim por boa parte dos chefes de estado mundiais.
Então, há uma mudança do Brasil em relação ao mundo e a Embratur tem esse contexto. A gente montou uma equipe técnica na Embratur, uma equipe muito respeitada no mercado, e isso foi muito importante, porque isso gerou de imediato um respeito muito grande dos gestores públicos, dos secretários de turismo, de cultura, tanto dos municípios quanto dos estados. E também do trade turístico, de toda a rede privada que toca o turismo. O turismo é um lugar onde a rede privada e a rede pública obrigatoriamente se entendem, onde as políticas públicas são importantes, mas quem toca o receptivo, quem organiza o turismo no que diz respeito aos hotéis, restaurantes, enfim, é a rede privada. E a gente traz uma equipe técnica muito conceituada no mercado, muito conhecida no Brasil inteiro, bota essa equipe técnica para funcionar e cria novos produtos.
Então, a gente começa a trazer um debate sobre rotas literárias, que eu acabei de lançar para Flip [Feira Literária Internacional de Paraty]; a gente traz o afroturismo como debate central, que eu abordo na Expo Carnaval em Salvador; a gente faz um projeto sobre audiovisual e turismo, porque a gente tem que aproximar o audiovisual e o turismo no Brasil, para trazer mais turistas. A gente está montando um pacote de novos produtos com uma equipe técnica e com muito diálogo com municípios, estados e com a rede privada.
No início do ano, a Embratur promoveu também o relançamento da marca “Brasil”, voltando a ser escrita em português, com S, abandonando a grafia em inglês, com Z, adotada durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Fala um pouco dessa decisão para a gente.
A gente recuperou a marca “Brasil” e isso foi um episódio importante da nossa gestão neste ano, à frente da Embratur. A gente recupera a marca “Brasil” e o projeto “Aquarela”, que tinham saído no governo anterior. E, quando a gente recupera a marca “Brasil”, a gente vê as cores com as quais o Brasil é identificado: tem lá o amarelo do sol, o azul do mar, o verde da mata, o branco das religiões e tem também o vermelho das festas e o laranja, da alegria do povo.
Esses são elementos muito significativos dessa diversidade. Existe uma alegria do povo, existe uma festa popular, existe o elemento da cultura e essas cores foram dadas a partir de entrevistas feitas com turistas internacionais que nos visitaram. Então a alegria do povo brasileiro é um produto. Isso é importante.
Em sua vinda a Salvador lá em fevereiro, você chegou a ressaltar a importância do afroturismo não apenas para a Bahia, mas para o Brasil. Quais passos foram dados nesse sentido durante esses mais de 10 meses de governo?
O afroturismo é algo novo no cenário do turismo brasileiro, mas muito relevante e significativo. O Brasil tem uma história africana, uma presença africana muito grande e, quando a gente organiza o Brasil para receber um turista internacional, a gente está, de alguma maneira, dizendo que é esse o Brasil que a gente quer viver. Não existe um Brasil para o turista internacional e outro Brasil para o brasileiro. A gente quer um Brasil só, um Brasil que quem está nos visitando goste, que a gente goste de viver e de receber. É um projeto de país, de sociedade. Quando a gente fala de afroturismo, a gente está combatendo o racismo, a gente está se posicionando em termos civilizatórios no século XXI e a gente cria um projeto de sociedade que vai receber o mundo, que o mundo vai visitar e, de alguma maneira, nos posiciona diante da sociedade.
Então, o afroturismo é um produto muito relevante em termos sociais, em termos econômicos, em termos de posicionamento do Brasil num tema decisivo, que é a nossa história africana. A gente organizou isso para dentro da Embratur e criou uma gerência específica de afroturismo. Eu trouxe Tania Neres, uma pessoa de Salvador, que tem uma experiência longa com turismo em Salvador, para dentro da Embratur. Isso traz o afroturismo como uma bandeira estrutural da Embratur, decisiva dentro da Embratur, que dialoga com diversas gerências, mas com uma coordenação específica feita por alguém que conhece do tema.
O afroturismo, evidentemente, fala muito com o Salvador, porque é uma cidade que respira o afroturismo o tempo todo, é a cidade com o maior número de negros fora da África no mundo. Mas você tem o Rio de Janeiro, com a Pequena África, com todas as histórias que cercam a cidade do Rio de Janeiro; você tem Maranhão, com os seus quilombos; você tem Minas Gerais, com uma história muito forte no século XVIII; e você tem outros pontos. Mas a gente vai começar esse projeto com o Rio e Salvador, como espaço pioneiro, espaço inovador.
Mas, concretamente, o que a Embratur já fez relacionado ao afroturismo?
Concretamente, a gente chamou Carlinhos Brown para ser um embaixador do Brasil, embaixador do turismo brasileiro. E aí já é um recado também desse afroturismo. Carlinhos Brown é o primeiro embaixador convidado por nós para vir para cá, para ser desse time da Embratur. Ele aceitou e ficou muito honrado. Essa é uma medida muito concreta. E a gente começou a divulgar o afroturismo nas feiras internacionais e nos roadshows. Por exemplo: a gente fez uma campanha de divulgação do Brasil na Europa. A gente foi para França, Itália, Portigal, lugares que são países importantes de emissão de turistas no Brasil. A gente fez na Argentina, que é um país importante. Em todas as feiras, em todos os roadshows, em todas as galerias que a gente apresentou o Brasil, o afroturismo teve destaque.
O afroturismo foi o material de campanha da Embratur na hora de promover o Brasil. Ou seja: quando a gente recolocou o Brasil na prateleira do mundo, gente destacou esse Brasil do afroturismo. E o recado é: o Brasil não é só sol e praia. O Brasil também é cultura, gastronomia e natureza. E aí Salvador é muito estratégico para isso, porque Salvador tem sol e praia — e isso é muito forte, porque os principais turistas internacionais que visitam Salvador, você tem a Argentina e Portugal, e é uma busca por sol e praia nesse perfil de turista —, mas mas também é um mergulho na cultura, na natureza, na gastronomia. Isso faz com que o turista fique mais tempo, gaste mais e gere mais emprego.
Você veio a Salvador nesta sexta-feira, 24, para participar da Expo Carnaval Brazil 2023. Qual é a importância do Carnaval para o turismo brasileiro? Qual é o tamanho do impacto desse evento nos números do Brasil?
Os números, neste ano, são muito bons. No número de turistas internacionais que visitam o Brasil, a gente está se igualando a 2019, o número pré-pandemia. E, nos números da arrecadação com o turismo internacional, a gente está superando 2019. O mês de setembro foi o melhor mês de setembro de todos os tempos, em termos de arrecadação internacional. R$ 2,8 bilhões, nós arrecadamos com o turismo internacional só em setembro. De janeiro até setembro, nós arrecadamos com turismo internacional R$ 25 bilhões. Este já é um valor arrecadado que supera 2019, que é o período pré-pandemia. É uma geração de emprego e renda na veia e uma economia sustentável, que identifica cultura, que nos coloca no século XXI na hora de pensar a economia brasileira. São números muito positivos para a gente, de maneira geral.
Quando a gente planeja o turismo internacional no Brasil e pensa no Brasil com essa potência de diversidade que tem, a gente pensa nas possibilidades que temos para além do que já é fácil de ser detectado, como sol e praia. O carnaval é um elemento que a gente quer que seja usado o ano inteiro. A gente quer que as pessoas visitem as escolas de samba, visitem os blocos afro, visitem os espaços de religiosidade que se identifiquem com a cultura. Você tem o carnaval em si, em que a gente já é muito visitado. Mas é uma economia que a gente pode fazer com que o turismo internacional se vincule o ano inteiro, para acabar com o que a gente chama de sazonalidade.
A gente sabe que o Brasil possui diversos atrativos naturais e culturais, com um potencial turístico gigantesco. Mesmo assim, num dado coletado em 2020, o país é apenas o 44ª do mundo em turismo. Qual é o diagnóstico que a Embratur faz dessa situação e qual é a principal ideia para destravar esse potencial? A violência impacta nisso?
Não. Quando você traz esse ranking mundial, é preciso entender o seguinte: uma pessoa, quando vai fazer uma viagem internacional, em média, escolhe um lugar que em até cinco horas de distância da origem. Então, com cinco horas de distância, você, que está na Europa, visita qualquer lugar da Europa. No caso do Brasil, em cinco horas, você está ou dentro do Brasil ou no Oceano Atlântico. Ou na Bolívia. A gente precisa entender que não tem como comparar o Brasil com o mercado norte-americano ou com o mercado europeu. Não tem esse padrão de comparação. Porque, em cinco horas, você rodou a Europa inteira. A França está a cinco horas de distância de quê? Da Europa inteira.
Então, em cinco horas, a Europa inteira visita a França. Sem contar que, lá na Europa, não precisa visitar necessariamente utilizando o avião. Você visita de trem, de carro, enquanto o Brasil depende muito da malha aérea, por ser um continente afastado desses dois grandes mercados, o norte-americano e o europeu. A gente tem uma malha aérea que ainda se recupera no período da pandemia. E a gente tem um continente, a América do Sul, que tem essa distância. Então, a gente precisa entender essa perspectiva a partir da América do Sul. Quando a gente trabalha no mercado da América Latina, quando a gente prioriza esse mercado e a qualidade de inteligência de dados, a gente direciona uma política pública. Aliás, esse é outro elemento da nossa gestão.
A gente fez um painel de inteligência de dados, que está no site da Embratur, feito por profissionais da Universidade de São Paulo. Então, hoje a gente sabe quantos voos estão vindo pra cá, de onde estão vindo, qual o perfil desse turista, o que ele quer, qual a diferença do mercado de cada país quando olha para a gente. A gente qualificou a informação sobre o Brasil, para gerar política pública, para gerar possibilidade de direcionar uma propaganda com mais qualidade de resultado. Isso também foi feito por nós em algo que a gente já inaugurou, que é inteligência de dados e big data.
Agora, não se compara qualquer país da Europa com o Brasil em função da geografia. O México, por exemplo, que é um país concorrente ao nosso, ainda é vizinho dos Estados Unidos. Então o México recebe números norte-americanos que nós não vamos receber. Mas o mercado norte-americano é importante para a gente? É. É o segundo mercado para a gente. Só perde para a Argentina. Vamos criar produtos para que esse mercado norte-americano possa chegar aqui? A gente está fazendo isso. O afroturismo é um deles. Mas tudo é com trabalho técnico.
Os centros históricos das cidades mais antigas do Brasil possuem um grande potencial turístico. Mas, com o tempo, esses locais foram ficando desabitados e hoje sofrem com a violência urbana, o que amedronta turistas. Como a Embratur pretende solucionar esse problema?
Isso é muito importante. Eu dediquei 30 anos da minha vida ao debate da segurança pública e violência. Eu não sou uma pessoa que vai pegar o debate da violência e colocar debaixo do tapete a essa altura do campeonato da minha vida. Mas o turismo é uma solução. O turismo não só não é impedido pela violência, como ele, na verdade, pode representar uma solução. Tanto para esses centros urbanos, esses centros históricos, como também para o problema da violência.
A violência não é só um problema de polícia, nunca foi, e isso eu falo há 30 anos. Falo com muita tranquilidade agora, porque eu falo isso a minha vida inteira. É claro que a gente precisa qualificar a Polícia, pensar na ação da Polícia, em ação preventiva, usar mais diligência, tudo isso é verdade. Mas a gente precisa gerar emprego, renda, dialogar com a juventude, criar alternativas e recuperar as cidades enquanto espaço mais democrático. E, para isso, o turismo é uma solução.
A gente teve agora uma pesquisa feita pela Fecomércio, no Rio de Janeiro, que também tem problemas na área de segurança, e 95% dos turistas internacionais que visitaram o Rio de Janeiro falaram que voltariam ou indicariam o Rio como lugar para ser visitado. A gente está falando do Rio de Janeiro, um lugar que tem o debate da segurança muito forte. Isso não mudaria para outros centros históricos ou outros centros urbanos. Então, o debate da violência existe, é importante a gente pensar.
Agora, o turismo internacional não se torna menor por causa da segurança e ele pode ser uma solução. Quando a gente pensa numa rota literária, no afroturismo, no audiovisual, e a gente gera ocupação de espaço, cultura como elemento de ocupação de espaço urbano, você está contribuindo para que aquele lugar fique menos violento. O turismo e a ocupação de espaços podem, na verdade, ser um caminho para a redução da violência, independente de outros debates que a segurança pública vai fazer. Não vai acontecer no Brasil resolver primeiro a segurança para depois ter turismo. Isso não vai acontecer.
O turismo tem que estar dentro do pacote de solução da violência e da solução dos programas urbanos que a gente tem. Faz parte da solução. Não faz parte do problema. Acho que essa é uma concepção importante de a gente ter. E quem está falando é alguém que estudou segurança pública a vida inteira.
Você falou sobre o projeto de rotas literárias, que foi apresentado lá no Festival de Paraty. Poderia explicar um pouco dessa ideia?
Eu acabei de fazer um debate sobre rotas literárias, que a gente está inaugurando pela Embratur no Brasil, em parceria com o governo de Portugal e uma série de iniciativas. Se você parar para pensar, há algum tempo atrás, qual era o grande problema dos centros urbanos e dos centros históricos? Você tinha um problema de deslocamento muito forte. Era um debate de transporte público. Diziam que as pessoas iam menos para o centro, porque os centros urbanos estavam muito cheios. Era um debate de moradia e de transporte. Com a pandemia, esse debate mudou: os centros esvaziaram, tanto os centros históricos como os centros urbanos de maneira geral.
Hoje, a gente tem que fazer as pessoas ocuparem os centros, tem que gerar demanda para os centros serem ocupados. O que pode ocupar o centro hoje? É cultura. A cultura é um elemento decisivo para ocupar o centro urbano. Na Bahia essa tem a Casa de Jorge Amado, que é bem sucedida. Você pode ter, em Goiás, Cora Coralina. Você pode ter, no Sertão, Guimarães Rosa. Você pode ter, no Rio de Janeiro, dois autores negros espetaculares, que são Lima Barreto e Machado de Assis. Machado de Assis viveu na Ladeira do Livramento. Onde é que a casa que o Machado de Assis nasceu? Não tem uma placa hoje dizendo que ele nasceu ali. Então você pode ter, através da inovação, de um QR Code, a possibilidade da gente conhecer melhor cada centro histórico, cada centro urbano, através dos personagens da literatura e da música.
Que lugares foram cantados por Caetano Veloso ou por Gilberto Gil na Bahia? Que lugares foram cantados por Carlinhos Brown? Que lugares foram cantados no Rio de Janeiro pela Bossa Nova, de Nara Leão? Ou por Chico Buarque? Que personagens da literatura ou que músicas abordaram essas ruas, esses bairros e que podem fazer parte de um cenário de rota turística que ressignifica as cidades? O turismo pode ser um estímulo à leitura, o turismo pode ser um estímulo a você revisitar os centros urbanos e os centros históricos a partir de uma conexão com outras áreas, que não só os povos já tradicionalmente conhecidos ou não só os destinos turísticos já conhecidos. Mas coisas que essas cidades também viveram e fazem parte da sua história, mas que não estão disponíveis hoje.
Você conversou com senadores e pediu a aprovação de um trecho da PL das apostas esportivas, que garantiria a destinação à Embratur de 1% da arrecadação com a taxação. Entretanto, o relator do projeto, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), diminuiu a alíquota geral de 18% para 12%. Como ficou a Embratur nisso? Em que pé estão as conversas?
O nosso percentual está mantido, mas houve uma redução da alíquota geral da arrecadação. A gente tem uma dificuldade grande com esse tema, por ninguém conseguir saber que volume é esse de dinheiro. Ninguém tem essa informação. Não foi uma disputa fácil, mas a gente conseguiu colocar a Embratur num rol de beneficiários dessa arrecadação, dessa nova taxação.
Foi uma vitória importante. Tem que ser taxado, o mundo todo caminha para isso. Mas quanto isso vai representar em termos orçamentários, nós não temos, nem ninguém tem. Como nunca foi tributado, ninguém sabe que valor é esse. Não é só esportivo. É qualquer jogo. Qualquer aposta, não só as esportivas. Isso é importante no texto, isso tende a aumentar a arrecadação. Mas, de quanto é essa arrecadação, a gente não consegue ter esse número até agora.
Então, a gente não sabe se isso vai resolver, e em que escala, o problema orçamentário que a gente herdou na Embratur, que ainda é grande, é preocupante. Mas outras medidas estão sendo tomadas por nós e pelo governo, para que a gente possa ter uma estrutura de investimento no turismo. Isso é decisivo. Todos os países do mundo estão investindo muito no turismo. O Brasil tem um potencial enorme e não pode fazer diferente. O turismo hoje, no Brasil, é 8% do PIB. Então, se a gente conseguir criar um orçamento adequado e investir. Qualidade técnica, a gente já mostrou.
A Embratur hoje é muito respeitada pelo poder público, pelo setor privado, o Brasil inteiro. A gente é parceiro do trade turístico e dos gestores públicos. A gente tem criado instrumentos que ajudam na gestão pública e na gestão privada, então a gente recebe visitas permanentemente desses gestores. A gente conseguiu colocar o turismo na pauta, dar um destaque ao turismo neste ano, algo que há muito tempo ele não tinha. Agora, isso precisa caminhar para o orçamento. Esse reconhecimento do trabalho da gente precisa ser desdobrado em orçamento mais compatível com a importância do que a gente está fazendo.
Quando você assumiu a Embratur, o ministério do Turismo estava sobre o comando da ex-ministra Daniela. No meio do caminho, houve um rompimento dela com o União Brasil e o presidente Lula se viu obrigado a substituí-la pelo ministro Celso Sabino. Como é sua relação com o ministro? Isso impactou de alguma forma os trabalhos na Embratur?
A gente tinha sido deputado juntos na legislatura passada. Celso foi uma pessoa com quem, por acaso, eu sempre mantive muito diálogo e isso nos ajudou muito. Eu tenho ajudado Celso dentro da Embratur e ele me ajudado. A gente conversa permanentemente, ele tem me acompanhado muito nas agendas internacionais. Por exemplo: as agendas de conversa com as companhias aéreas têm sido bem sucedidas. Tanto eu e ele quanto Silvio Costa, que é o novo ministro dos Portos e Aeroportos, a gente está sempre junto com as empresas aéreas e a gente tem tido bons resultados.
A própria Bahia vai ter um crescimento muito grande de novos assentos internacionais e nacionais nesse verão. A gente já conseguiu um voo direto da Argentina, que é o principal país emissor para Salvador. A gente vem conversando com os aeroportos, através da associação de aeroportos de concessões, que são os grandes aeroportos das grandes cidades. A minha relação com Celso é muito boa e a gente vem trabalhando muito juntos. Isso tem sido positivo pra gente.
Você foi, por algumas vezes, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro. Nos próximos meses, as chapas devem começar a ser definidas na cidade e há especulações de que seu nome pode ser indicado pelo PT para ser vice de Eduardo Paes, visando uma saída dele em 2026. Qual é a possibilidade disso ocorrer? As portas estão abertas para essa aliança?
Isso nunca foi conversa minha com ninguém, isso nunca foi pauta. Eu ouvi isso na imprensa e tal, mas isso nunca foi tratado, nem comigo, nem com ninguém próximo. Não é um assunto real. Eu estou muito feliz na Embratur, estou muito satisfeito onde eu estou, quero consolidar esse trabalho até 2026, porque a gente tem muito a conquistar até lá. Eu quero ver o turismo muito mais estruturado no Brasil, gerando mais recursos, mais emprego, mais renda e recolocando o Brasil no mundo.
Fui colocado lá pelo presidente Lula, que me pediu para fazer esse trabalho que eu estou fazendo com muito afinco, trabalhando muito. A gente está indo para todos os lugares, participando de tudo, para colocar o Brasil de volta na prateleira do mundo. Se o presidente Lula me pedir para cumprir alguma missão, eu vou cumprir. Mas eu não vejo nenhum sinal disso. Não houve nenhuma conversa, nenhuma reunião, nenhum indicativo de que isso vai acontecer. Eu acho que esse debate, das eleições de 2024 e 2026, é muito importante.
Eu, óbvio, pela minha história no Rio de Janeiro, vou acompanhar de perto a eleição, quero ajudar, quero ajudar a eleger gente no campo democrático, no campo civilizatório. São duas eleições que vão consolidar o Brasil que nós vamos viver nos próximos anos e eu quero ajudar, mas não necessariamente como candidato. Até hoje, não houve nenhuma conversa sobre isso. Se mudar, tem que mudar a partir de orientação do PT ou do presidente Lula, mas, por enquanto, eu estou feliz onde eu estou e quero continuar.
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