POLÍTICA
Bolsonaro diz ser contra realização do Carnaval e volta a defender imunidade de rebanho
Por Luiz Felipe Fernandez

Durante entrevista à Rádio Sociedade, da Bahia, nesta quinta-feira, 25, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse ser contra a realização do Carnaval em 2022 em razão dos riscos de um novo surto de Covid-19. Mais uma vez o presidente tentou justificar que não pode fazer nada, já que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de estados e municípios decretarem medidas para evitar a disseminação da doença.
A decisão do STF, contudo, reforça a autonomia de prefeitos e governadores, mas em nenhum momento tira do presidente da República a responsabilidade sobre qualquer decisão. Na verdade, o Supremo reforçou que a União não poderia interferir em medidas de isolamento social impostas pelos gestores.
Segundo Bolsonaro, a folia já não deveria ter sido permitida em 2020, e diz que a atitude dos governadores e prefeitos geraram "consequências" que resultaram na morte de mais de 600 mil brasileiros.
"Por mim não teria Carnaval. Mas tem um detalhe: quem decide não sou eu, segundo o STF, quem decide são os governadores e prefeitos [...] ano passado, ainda estava engatinhando questão da pandemia, não tinha óbito no Brasil, eu decretei emergência, e governadores e prefeitos ignoraram. As consequências vieram e hoje temos mais de 600 mil óbitos", disse o presidente.
"Alguns tentaram imputar a mim essa responsabilidade, mas não tenho culpa disso, não estou me esquivando ou apontando outras pessoas, é uma realidade", acrescentou.
Além das mortes, destaca Bolsonaro, a política de implantar medidas de restrição não surtiram efeito, ou pior, contribuíram para prejudicar a economia já fragilizada do país. Apesar disso, ressalta, o Brasil tem conseguido, segundo o presidente, gerar empregos e manter a "economia viva".
"Muitos fecharam o comércio, na esteira disso está a destruição de empregos, mas apresentamos medidas justamente com o parlamento brasileiro, que terminamos 2020 com mais gente empregada do que no final de 2019. No ano corrente já foram criados no Brasil 2,5 milhões de empregos, desburocratizando, desregulamentando, e isso atinge as 27 unidades da federação [...] com o auxílio-emergencial também mantivemos a economia viva e evitamos que pessoas sofressem mais ainda", destacou.
Negacionismo
Mesmo diante de todas as evidências científicas, o presidente aproveitou a audiência na Bahia para voltar a promover um discurso pautado no negacionismo. Ele novamente se colocou contrário as medidas de restrição de circulação de pessoas e sugeriu que o país não vai suportar mais uma vez novos "lockdowns".
"Alguns países da Europa decretaram lockdown, se tiver outro lockdown aqui, estados e municípios vão quebrar de vez e a economia do país vai parar", disse Bolsonaro.
Na prática, quase nenhuma cidade do país adotou uma medida de "lockdown" efetivamente, quando só se permite andar na rua para ir ao supermercado ou buscar atendimento médico, sob risco de ser penalizado em caso de descumprimento.
Apesar das mortes em todas as faixas etárias, Bolsonaro alegou que o risco só é "quase fatal" para aqueles com "comorbidades" ou "quase idosos". Sem mencionar o nome, voltou a fazer propaganda de remédios comprovadamente ineficazes para combater o vírus, como a hidroxicloroquina e a ivermectina.
Os alertas de todos os especialistas sanitários e entidades sobre o risco da imunização de rebanho também não foram suficientes para que o líder do Palácio do Planalto mudasse de opinião. Em entrevista à rádio, o presidente sugeriu que a imunidade de quem toma vacina é menor do que daquele que se contamina.
"A vacina deve ter uma validade, eu não vou dizer porque não tenho nenhum dado científico. Em média, depois de 6 meses não tem imunidade. Já quem foi contaminado, tem imunidade por mais tempo, que é o meu caso. Eu contraí vírus ano passado, tomei medicamente, aquele remédio para combater a malária e combater piolho, e me dei bem, me safei, e olha que estou no grupo de risco", disparou o presidente.
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