IGUALDADE RACIAL
"4 anos de ataques", diz membro da transição sobre governo Bolsonaro
Ao Isso É Bahia, Yuri Silva fala da importância de pautar o racismo em todos os grupos de trabalho
Por Lucas Franco
Escolhido para fazer parte do grupo de trabalho da Igualdade Racial na transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o baiano Yuri Silva falou ao Isso É Bahia sobre o que espera não só do seu trabalho, mas também da escuta dos outros grupos de transição.
Entrevistado na manhã desta segunda-feira, 21, no programa do A TARDE FM (103.9), o ativista do movimento negro e pesquisador de políticas de direitos humanos disse que as condições de trabalho são diferentes das de outros momentos da história.
"Foram quatro anos de omissão e ataque, dentro da institucionalidade, contra políticas sensíveis como a de igualdade racial", afirmou Yuri. Para recuperar algumas das conquistas, será preciso, segundo ele, levar o tema da igualdade racial para todos os grupos de trabalho.
"Por isso ontem, 20 de novembro, nós, oito coordenadores do grupo de trabalho da igualdade racial, escrevemos um texto para todos os coordenadores de grupos de trabalho, orientando e solicitando a inclusão do debate sobre igualdade racial na pauta e relatório final. Todos entregarão no dia 11 [de dezembro] ao presidente Lula", conta.
Conscientização e afirmação de políticas públicas, para Yuri, devem andar de mãos dadas. "Evidentemente que no Brasil, onde se depara com casos de racismo brutal, debater conscientização também é importante. Mas precisamos tratar do racismo estrutural, que nos nega indiretamente e diretamente o direito à vida", pontua o ativista, que dá como exemplo a saúde e a educação como áreas que são afetadas pelo racismo.
"O racismo é uma chaga e se dá em todas as áreas, a exemplo de quando a população negra tem seu direito à educação negado e quando temos o direito à saúde negado, por conta da precarização dos serviços", justifica Yuri, que deu como exemplo a dívida histórica do país com a população negra.
"[A escravidão] durou quase 400 anos, enquanto a abolição não completou sequer 200 [anos]. Temos problemas muito importantes a serem tratados. Tratar só de consiciência não vai resolver as questões imediatas. É preciso garantir direito à justiça e comida no prato", afirma.
Ao abordar o governo eleito da Bahia, de Jerônimo Rodrigues (PT), Yuri contou que tem outros companheiros que estão dedicados a acompanhar a transição no estado e que a expectativa é grande de um bom diálogo. "O compromisso de Jerônimo com a pauta racial foi explicitado, no sentido de repensar a política de segurança pública. Os dados são explícitos: a polícia mata, e 98% dos mortos são negros", conclui.
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