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Ribeiro revela que Bolsonaro lhe pediu para receber pastores

Em depoimento à PF, entretanto, o ex-ministro negou qualquer favorecimento

Publicado quinta-feira, 31 de março de 2022 às 23:15 h | Atualizado em 01/04/2022, 00:01 | Autor: Da Redação
Ribeiro também negou a existência de um "gabinete paralelo" na pasta
Ribeiro também negou a existência de um "gabinete paralelo" na pasta -

O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro prestou depoimento na Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira, 31, em Brasília. Ele confirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu para ele receber um dos pastores acusados de negociar verbas do Ministério da Educação (MEC) para prefeitos em suposta prática de lobby.

Apesar da declaração, o ex-minitro negou que tenha havido algum pedido de "tratamento privilegiado". Ribeiro também negou a existência de um "gabinete paralelo" na pasta, que seria composto por pastores e responsável por controlar a liberação de verbas e a agenda do MEC.

"O presidente Jair Bolsonaro realmente pediu para que o pastor Gilmar fosse recebido, porém isso não quer dizer que o mesmo gozasse de tratamento diferenciado ou privilegiado na gestão do FNDE ou MEC, esclarecendo que como ministro recebeu inúmeras autoridades, pois ocupava cargo político", disse o ex-ministro.

Em depoimento à polícia, Ribeiro explicou que após a primeira reunião com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, no MEC, Bolsonaro sequer teria questionado sobre o que se tratava a conversa.  

O inquérito para investigar o ministro foi aberto pela PF na última sexta-feira, 25, a partir de uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). O poder judiciário atende um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A previsão para conclusão das primeiras diligências é de 30 dias. Milton Ribeiro é suspeito de crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa e tráfico de influência.

Uma investigação para apurar suspeitas de corrupção envolvendo verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) também foi iniciada pela PF, através de solicitação da Controladoria Geral da União (CGU).

Ribeiro deixou o comando do MEC nesta segunda-feira, 28, após denúncias de que ele estaria favorecendo pastores na distribuição de verbas da pasta. O pedido de exoneração foi entregue pelo então ministro ao presidente Jair Bolsonaro.

"Foi um pedido especial que o Presidente da República (Jair Bolsonaro) fez para mim sobre a questão do (pastor) Gilmar (Santos)", diz o ex-ministro na gravação utilizada para a denúncia.

Segundo declaração de Ribeiro à PF, a respectiva conversa foi tirada de contexto, uma vez que o sentido da fala era de prestigiar Gilmar Santos na "condição de líder religioso nacional".

"Aquela afirmação, a da gravação, foi feita como forma de prestigiar o pastor Gilmar, na condição de líder religioso nacional, não tendo qualquer conotação de enfatizar os amigos do pastor Gilmar teriam privilégio junto ao FNDE ou Ministério da Educação", garantiu.

O ex-ministro também afirmou que "não autorizou" os pastores a falarem em nome do MEC. No entanto, o ex-titular da pasta elogiou os religiosos e ponderou que ele possui uma relação "de respeito" com ambos por conta da "posição religiosa" deles.

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