INTERFERÊNCIA
Sargento diz à PF que assessor de Bolsonaro ordenou retirada de joias
Depoente disse ainda que presentes para primeira-dama eram registrados pela "ajudância de ordens"do presidente
Em depoimento colhido pela Polícia Federal, o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva confirmou que foi ao aeroporto de Guarulhos (SP) em dezembro ano passado tentar retirar as joias sauditas doadas ao então presidente Jair Bolsonaro e que as mesmas iriam para Michelle Bolsonaro.
A jornalista Andréia Sadi publicou em seu blog no G1 que sargento disse ter recebido uma ordem do tenente Cleiton Henrique Holszchuk, assessor do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente, Jair Bolsonaro (PL).
O blog apurou que, durante o depoimento à PF no dia 31 de março, Jairo Moreira disse que, em 28 de dezembro de 2022, foi informado pelo tenente Cleiton que iria no dia seguinte ao aeroporto de Guarulhos "pegar alguns presentes que estavam retidos na alfândega" e que deveriam ser levados para Brasília e registrados.
Acrescentou, então, que foi entregue a ele o ofício 736/2022, no qual estavam descritos os bens a retirar e que não foi informado a ele se deveria procurar alguém no local. E que, no dia seguinte, seguiu a ordem do tenente Cleiton e pegou um voo da FAB para Guarulhos. Esse ofício foi revelado com exclusividade pelo blog.
"Chegando lá, foi diretamente para a alfândega da Receita Federal no aeroporto. Ao ser atendido, foi informado que os bens não estavam disponíveis para retirada pois faltava um documento", completou Jairo Moreira.
Moreira declarou, então, que, ao ser esclarecido pelo servidor da Receita que não seria possível retirar as joias, ligou para o tenente Cleiton para pedir orientação. E Cleiton, segundo Jairo Moreira, informou que também não tinha conhecimento e que era para ligar para o coronel Mauro Cid, que pediu a Jairo Moreira que aguardasse.
A partir da ligação para Mauro Cid, segundo Jairo Moreira disse à PF, uma pessoa da Receita que ele não se lembra o nome nem o cargo telefonou para ele.
"O depoente também recebeu ligação de alguém da Receita Federal, cujo nome não recorda nem se ele falou o cargo que ocupava. Que essa pessoa da Receita Federal que ligou, perguntou o que estava acontecendo. O depoente explicou os documentos que faltavam de acordo com o que tinha entendido, e ele fala para o depoente aguardar", relatou o sargento.
Presentes
O blog apurou também que, no depoimento, Jairo Moreira disse que presentes para a primeira-dama eram registrados pela chamada "ajudância de ordens" do então presidente da República.
Mas, ao final, pediu para retificar a informação, afirmando que presentes para a primeira-dama eram encaminhados diretamente para a assessoria dela, sem registro por parte da equipe de Bolsonaro.
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