POLÍTICA
Comandantes das Forças Armadas pedem demissão em protesto contra Bolsonaro
Por Da redação

A reunião dos três comandantes das Forças Armadas com o novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, terminou com a renúncia conjunta dos militares por discordar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Em nota, o Ministério da Defesa não informou o motivo da saída dos três nem anunciou os substitutos.
O encontro dos oficiais com Braga Netto foi marcado após o presidente Bolsonaro demitir o general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa, nesta segunda-feira, 30. O agora ex-ministro resistiu a um alinhamento político das Forças Armadas com o governo.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a intenção dos três comandantes é deixar claro que não darão um passo que possa contrariar a Constituição ou caracterizar ingerência nos outros Poderes, o Judiciário e o Legislativo.
Segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo, os militares reafirmaram que não participarão de nenhuma aventura golpista.
Esta é a primeira vez desde 1985 que os comandantes das três Forças Armadas deixam o cargo ao mesmo tempo sem ser em período de troca de governo.
O mal-estar pelo anúncio inesperado da saída de Azevedo, que funcionava como pivô entre as alas militares no governo, o serviço ativo e o Judiciário, foi central para a decisão conjunta.
O motivo da demissão sumária do ministro foi o que aliados dele chamaram de ultrapassagem da linha vermelha: Bolsonaro vinha cobrando manifestações política favoráveis a interesses do governo e apoio à ideia de decretar estado de defesa para impedir lockdowns pelo país.
Reunião
Os comandantes se encontraram com Braga Netto na manhã desta terça-feira. Todos eles são mais antigos do que o ministro, jargão militar para dizer que se formaram em turmas anteriores à dele. Isso tem um peso grande no esquema hierárquico das Forças.
O mais agastado era Pujol, desafeto de Bolsonaro desde o ano passado, por divergências na condução do combate à pandemia: enquanto o presidente adotava uma agenda negacionista, o general lhe ofereceu o cotovelo em vez de um aperto de mão.
O presidente tentou removê-lo do comando, sem sucesso por falta de apoio de Azevedo. Recentemente, cobrou uma posição crítica ao Supremo Tribunal Federal devido à restauração dos direitos políticos de Luiz Inácio Lula da Silva
Pujol também foi duro ao dizer claramente que os militares tinham de ficar fora da política, no fim de 2020. A insatisfação do serviço ativo com a gestão do general Eduardo Pazuello, que não foi à reserva, à frente da Saúde foi outra fonte de estresse.
O trabalho de Braga Netto agora será acertar uma acomodação de nomes. Para Marinha e Aeronáutica, Forças de menor peso relativo, a sucessão deverá ser menos nevrálgica do que no Exército.
Transição
Em reuniões na segunda, 29, segundo interlocutores, os três comandantes concordaram que seria importante fazer uma transição pacífica e controlada, com consenso sobre os nomes dos substitutos.
Há o temor de agitação nos quartéis, até porque nesta quarta, 31, serão completados 57 anos do golpe que deixou os militares mais de duas décadas no poder, até 1985. A palavra de ordem é acalmar os ânimos.
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